Nos últimos dias, a nossa sociedade foi abalada por notícias de perdas que nos entristecem profundamente. Foi o caso do jornalista Guilherme Galiano, do subcomissário do SME que tirou a própria vida e, mais recentemente, da empresária conhecida como a “Rainha dos Porcos”. Três vidas, três histórias, três pessoas que ainda tinham muito para dar, mas que partiram, deixando um vazio que nunca será preenchido.
Uma dessas perdas, a do subcomissário, foi por suicídio. E não podemos ignorar que ainda estamos em Setembro Amarelo, o mês dedicado à sensibilização e combate ao suicídio. Falar sobre isso nunca é fácil, mas calar é ainda mais perigoso.
A morte, de qualquer forma que aconteça, faz parte da vida. Até aí não temos como fugir. Mas o impacto que deixa em quem fica é enorme: são os filhos que já não terão colo, os amigos que ficam sem conversa, a família que terá de aprender a viver com o silêncio da ausência.
E não é simples. É duro, é doloroso e, muitas vezes, é injusto. E então vêm as perguntas: Será que podia ter feito algo? Será que falhei em não perceber os sinais? Será que uma palavra minha teria feito diferença? Essas perguntas ecoam dentro de quem fica e muitas vezes tornam o luto ainda mais pesado.
Mas é preciso lembrar que não somos deuses. Há coisas que não controlamos, e a decisão de alguém pode estar para além daquilo que conseguimos alcançar. O que podemos fazer, isso sim, é cuidar dos que ainda estão aqui. É prestar atenção aos sinais de quem parece forte demais, mas que carrega dores escondidas.
É oferecer o ouvido, o ombro, a palavra amiga. E se você, ao ler estas linhas, sente que em algum momento já pensou em desistir, por favor, procure ajuda. Fale com alguém, não carregue sozinho o peso da sua dor. E para quem ficou depois de uma perda, a vida precisa continuar.
Não significa esquecer, nem fingir que não aconteceu, mas sim aprender a viver com a memória, com a saudade, com aquilo que foi bom. Como dizem, “quem partiu descansou, mas quem ficou precisa reaprender a viver”.
Eu pergunto-lhe hoje: – Quem é a pessoa a quem você precisa ligar ainda hoje para perguntar se está bem? – Quem é que no seu círculo já lhe mostrou sinais de tristeza e pode estar a precisar de si? – E, olhando para si, será que já não é hora de cuidar um pouco mais da sua própria saúde emocional? Que esta partilha sirva de alerta e de abraço. A vida é frágil demais para ser vivida no silêncio da dor.
Que Deus conforte os corações enlutados, fortaleça os que ainda lutam em silêncio e nos dê sensibilidade para estarmos mais atentos uns aos outros. Receba o meu carinhoso e apertado abraço, e a promessa de voltar para mais partilhas matinais.
Por: LÍDIO CÂNDIDO “VALDY”
N’gassakidila.