A pista asfáltica da Avenida Dr. António Agostinho Neto, Nova Marginal de Luanda, transformou-se, no último sábado no maior “berço” de diversidade cultural. Foi um desfile não competitivo do Carnaval Fora de Época
O rufar do batuque marcava o compasso, associado ao chocalho que, com ao som da Dikanza e de outros instrumentos típicos chamavam a atenção da plateia a partir das bancadas e arquibancadas, para a entrada dos grupos em cena, um gesto que era completado satisfatório demonstrado por imensos aplausos dos mesmos.
Trezentos e quinze artistas representando 21 grupos carnavalescos das 21 províncias do país, garantiram a essência melódica do Entrudo ao vivo, com diferentes instrumentos tradicionais, associados aos rituais ancestrais, como a espiritualidade, a iniciação masculina e feminina, a comunicação de uma entidade mística, entre outros aspectos encenados durante o desfile.
Milhares de pessoas fizeram-se presentes na Nova Marginal para assistir, vibrar e apoiar os diferentes grupos que eufóricos e decididos, procuraram mostrar a diversidade cultural da sua província, transformando a pista, numa verdadeira festa, unindo o país e o mundo neste domínio.
Cada grupo procurou mostrar o seu ritual e dança, na mais perfeita harmonia, realçando aspectos históricos e símbolos importantes na sua cultura em particular e do país em geral. O pontapé de saída do desfile foi dado grupo carnavalesco, Kumene Chaco Chaco, da província do Cubango, que num ambiente típico de festa carnavalesca, procurou mostrar a cultura dos povos daquela região sudoeste do país na mais perfeita exibição.
A sua indumentária característica, os rituais, a riqueza nas suas mais distintas manifestações marcaram o espectáculo que foi aplaudido por milhares de foliões. Exibição não menos diferente foi do grupo da vizinha província do Cubango. Tudo quanto pudemos averiguar do grupo da vizinha província, que neste ano jubilar dos 50 anos, as suas danças foram marcadas por uma fusão de culturas africanas, consideradas a longos como turismo nas conferências das suas comunidades.
As danças Mumgolo, Mivaje, entre outras ritmos evidenciando os rituais de iniciação masculina e feminina naquela região, por exemplo, foram entre outros realçados durante a exibição das duas formações na Nova Marginal.
É o caso do grupo da província do Bié, que neste jubilar dos 50 anos de Independência Nacional, trouxe para o desfile nacional um retrato da cultura e resiliência do povo angolano, consolidando um momento de união, expressão artística e preservação das tradições ancestrais daquela região do país.
Quanto pudemos observar ao longo do desfile desta Edição Especial, as danças das diferentes agremiações carnavalescas mereceram grande destaque pela sua missão, expressão, valorização, preservação cultural e seguimento.
Outras performances
Nesta celebração, os grupos carnavalescos do Cuanza Sul, Moxico e Moxico Leste, que na sua exibição tiveram também uma brilhante performance, e numa simbiose entre o moderno e tradicional tudo fizeram para agradar os foliões.
Não menos importante neste desfile central, foi do grupo União do Sequele, da vizinha província do Icolo e Bengo, que socorrendo -se do slogan “Às nossas tradições havemos de voltar”, uma frase do Primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, exibiu o Semba e a Sambalage.
Já o grupo Jovens do Martins, proveniente do Zaire, não se fazendo regredir, procurou mostrar satisfatoriamente o Mosaico Cultural que a província foi afirmando durante os 50 anos, a Cultura Africana, o rico acervo daquela zona do Reino do Longo.