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O legado de desilusão para a classe jornalística

Jornal OPaís por Jornal OPaís
12 de Setembro, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 6 mins de leitura
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Acomunicação social em Angola atravessa uma das suas maiores crises, não apenas financeiras ou estruturais, mas sobretudo humanas. As empresas públicas de comunicação, que deveriam ser pilares de orientação, de ética e de exemplo, tornaram-se casas sem pastor. E numa casa sem pastor, as ovelhas andam perdidas, desorientadas, presas a uma rotina de sobrevivência que pouco tem de dignidade.

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A classe jornalística, tantas vezes vista como o “quarto poder”, mostra-se frágil, quase nua, exposta às suas próprias contradições, mergulhada em greves interrompidas e num lamento que ecoa mais forte que a esperança.

Não se trata apenas de problemas técnicos ou salariais, o que sangra é a alma da profissão. O que se vê é revolta, depressão, resignação. Muitos jornalistas, outrora apaixonados, caem na tentação do álcool, na prostituição intelectual, na desistência lenta e silenciosa de uma profissão que um dia escolheram por amor. Crescemos vendo gigantes do jornalismo angolano, mestres de microfone, de caneta e de máquina de escrever, que hoje deveriam ser bússolas nas redações, reduzidos a sombras, a figuras cansadas nos becos da vida, com um copo na mão e a mesma conversa amarga: a esperança perdida.

Quantos morreram sem ter sequer uma casa para chamar da sua? Quantos deixaram filhos revoltados, que odeiam o jornalismo por assistirem de perto à desilusão dos pais? O legado de desilusão não pode ser o único testamento da nossa classe. Uma profissão que prometia ser voz do povo transformou-se, para muitos, em cruz pesada, carregada em silêncio. No entanto, ainda há tempo.

Ainda há jovens que sonham em ser jornalistas, que não querem largar o sonho de informar, de educar, de entreter com rigor, clareza e objectividade. Não matem essa esperança. Não deixem que os que acreditam no jornalismo morram antes de tempo, sufocados pelo abandono e pelo descaso.

A crise da comunicação social em Angola exige reflexão profunda, mas também exige união. Uma classe que se trai, que se divide por migalhas de poder ou por cargos meramente temporários, cava a própria sepultura. Hoje, és chefe; amanhã, serás apenas colega. Se plantarmos discórdia, colheremos desunião.

Mas se plantarmos concórdia, colheremos união. E só unidos poderemos resgatar a dignidade da profissão. Um palito não varre uma casa, mas muitos palitos, juntos, formam uma vassoura que varre a sujeira, limpa os cantos e devolve a ordem. É aqui que a união se torna vital. Uma classe unida, firme e coesa pode transformar a fragilidade em força. Pode fazer frente às pressões externas e internas, pode defender-se da exploração e pode conquistar o respeito que merece.

A união dá coragem onde o medo paralisa; dá voz onde o silêncio oprime. Só juntos, nós, os jornalistas, podemos levantar-se da poeira da descrença. Ninguém constrói sozinho uma muralha de dignidade. A força está no colectivo. Um jornalista isolado é alvo fácil para manipulação e abuso, mas uma classe unida torna-se um escudo impossível de quebrar. Unidos, podemos lutar por salários justos,

por condições de trabalho dignas e pelo resgate da ética que faz do jornalismo o verdadeiro pilar da democracia. A união traz também benefícios emocionais. Ela cura a solidão dos que se sentem esquecidos, fortalece os que estão à beira do desânimo e reacende o entusiasmo daqueles que já quase desistiram. Quando há união, os jovens aprendem com os mais velhos, os experientes inspiram os iniciantes e todos se tornam parte de uma mesma corrente. Essa corrente é inquebrável quando alimentada pelo respeito mútuo e pela solidariedade. Uma classe coesa pode ainda construir pontes com a sociedade.

O povo confia mais em jornalistas que mostram unidade, firmeza e verdade. E é nessa confiança que se ergue o prestígio da profissão. Quando os jornalistas falam a uma só voz, deixam claro que não estão à venda, que não são reféns de cargos ou interesses momentâneos. Mostram que defendem um bem maior: o direito do povo à verdade. O jornalismo unido também pode inspirar políticas públicas mais justas.

Quando a classe se levanta, deixa de ser massa vulnerável e passa a ser parceira de diálogo, exigindo respeito e reconhecimento. A união gera força política, social e cultural, capaz de mudar não apenas redações, mas também mentalidades. E é disso que Angola precisa: jornalistas que não se ajoelham, mas que se levantam juntos para transformar. Repito, um palito sozinho nada faz, mas muitos palitos formam uma vassoura que limpa a casa.

Assim é a classe jornalística: dispersa, nada consegue; unida, pode varrer a poeira da descrença e devolver brilho à profissão. É preciso esquecer rivalidades pequenas, traições de bastidores e cargos passageiros. O que fica, no fim, é a memória do que plantamos. E se plantarmos discórdia, colheremos destruição; se plantarmos união, colheremos eternidade. Chegou a hora de nos olharmos nos olhos como irmãos de profissão, não como adversários.

Chegou a hora de resgatar o grão de mostarda da esperança, de não matar os sonhos dos que ainda acreditam. Que os jornalistas de Angola compreendam que juntos não são apenas trabalhadores: são vozes, são luz, são memória viva de um povo. E que o futuro não os encontre divididos, mas de mãos dadas, porque só assim o jornalismo voltará a ser grande.

Chegou a hora de dizermos basta às queixas ao “senhor quem de direito” e às ordens superiores inventadas para encobrir a própria falta de coragem. Basta de bajulações que apenas satisfazem interesses pessoais, em detrimento do colectivo. Esse caminho só conduz ao enfraquecimento da classe e à perpetuação da sua fragilidade.

O jornalismo precisa de verdadeiros profissionais, não de cúmplices da sua própria decadência. Vamos dizer não ao individualismo profissional. O jornalismo não pode ser campo de guerra por vaidades ou cargos passageiros. Precisa ser terra fértil onde a fidelidade à missão comum floresça, onde o amor pela verdade seja mais forte que qualquer benefício pessoal. Individualmente, a classe se perde, colectivamente, pode se reencontrar.

O que plantamos hoje, colheremos amanhã. Se semeamos desunião, colheremos amargura. Mas se semeamos fidelidade e solidariedade, o amanhã nos trará frutos de dignidade e respeito.

O futuro do jornalismo angolano depende das sementes que cada jornalista está a plantar agora, nas pequenas decisões do dia a dia, nas escolhas éticas e na coragem de ser verdadeiro. Precisamos transformar as redações em espaços de confiança e partilha, não em becos de rivalidade, fofocas, queixinhas e murmúrios.Precisamos aprender a cuidar uns dos outros, a defender o colectivo acima do interesse particular.

Só assim seremos respeitados pela sociedade e deixaremos um legado digno para os que virão. A luta colectiva por um jornalismo democrático exige destemor. Não podemos mais aceitar que o medo dite as nossas escolhas, nem que a covardia silencie a nossa voz. Unidos, seremos capazes de erguer uma imprensa livre, que sirva ao povo e não a interesses alheios à verdade.

Essa é a força que nasce da união, de transformar o medo em coragem e a fragilidade em resistência. Se nos juntarmos, seremos mais que colegas de profissão. Seremos uma fortaleza. Uma muralha que protege a dignidade de todos, uma dobra impossível de rasgar.A desunião enfraquece, a união multiplica a força. Nenhum poder externo é capaz de destruir uma classe que caminha de mãos dadas pelo mesmo propósito.

A união também nos torna mais criativos, mais ousados e mais destemidos. Ela abre espaço para novas ideias, para projectos colectivos que podem transformar a comunicação social e devolver-nos o prestígio perdido. Onde há solidariedade, há também coragem para inovar, para sonhar e para fazer do jornalismo um instrumento de libertação e não de opressão.

Um jornalismo democrático só se constrói quando cada profissional entende que é parte de algo maior. Não somos apenas vozes isoladas; somos uma orquestra, e quando tocamos juntos, o som é mais forte, mais belo e mais impactante.

A unidade é a sinfonia que dará novo ritmo à comunicação social em Angola. Que este seja o tempo de unirmos forças, de nos tornarmos inquebráveis, de nos erguermos como muralha viva contra a injustiça e o esquecimento. Se caminharmos juntos, seremos lembrados não como uma classe que se perdeu, mas como uma geração que soube transformar a dor em coragem, o medo em voz e a esperança em vitória.

Por: YARA SIMÃO

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