Uma imagem incomum de uma senhora e o filho pendurados algures numa árvore no sul do país invadiu as nossas telas há poucos meses. Tinha sido mais um suicídio cujas causas pareciam desconhecidas, mas demonstra uma situação que aos poucos vai-se propagando no seio dos angolanos.
Numa semana em que se comemora o dia internacional da luta contra o suicídio, as autoridades vão mostrando os números pouco animadores, o que exigirá por parte das autoridades um estudo apurado para que se encontrem as soluções de facto. Há uns anos, quando mais novo, visitei a província da Lunda-Sul, no leste do país, uma região que até então se dizia propícia a actos do género.
Na altura, depois de percorrer algumas áreas da localidade, apercebemo-nos de que, incluindo adolescentes com pouco menos de 11 anos, recorriam a tal prática por conta de acusações de feitiçaria e outros males que ocorriam no seio das suas famílias. Muitos são os casos conhecidos, mas outros, seguramente, podem estar a ocorrer a centenas ou milhares de quilómetros dos holofotes da imprensa ou das redes sociais.
E nos grandes centros urbanos, contrariamente ao que se pode afirmar, são também notórias as situações em que aqueles que preferem tirar a própria vida são indivíduos que nem sequer atravessam problemas sociais críticos, como aqueles que não têm um prato à mesa, um carro ou uma casa para viver.
É impossível não relacionar alguns dos casos de suicídio ou as tentativas à ausência de determinadas condições sociais. Aliás, quando nos apercebemos de que alguém tenha tirado a própria vida, é comum se associar isso a dificuldades que tenham existido, embora para muitos este facto é ultrapassável.
Não obstante aos vários argumentos, havendo ou não condições sociais, os números que surgiram esta semana, em Luanda, por exemplo, e noutros pontos do país, sugerem um engajamento das autoridades na prestação de serviços a nível da saúde mental.
O número de indivíduos com patologias do fórum mental aumenta consideravelmente. E destes resulta, igualmente, um acréscimo daqueles que vão tentando encurtar a passagem pela terra por razões várias.
À semelhança do que se vê em relação às doenças de outros fóruns, é tempo de se investir também em campanhas que possam ajudar aquelas famílias cujos filhos ou responsáveis debatem-se, neste momento, com casos psíquicos ou psicológicos. As evidências demonstram que são muitas e clamam por ajuda do Executivo e da própria sociedade.