A província da Huíla regista, desde a semana passada, uma escassez de combustível nos Postos de Abastecimento de Combustível (PAC). O facto está a trazer inúmeras consequências, como a especulação de preços no mercado informal em alguns municípios da província, bem como a alteração na corrida de táxi, particularmente no troço Matala/Kuvango, que regista uma maior afluência nesta época de início das aulas no ensino geral
A corrida de táxi no troço Matala/Kuvango passou de 2.500 kz para 4.000 kz por conta da escassez de combustível que se regista em toda a província da Huíla. O facto está a criar vários constrangimentos na vida das populações dos dois municípios. Para além da subida do preço da corrida de táxi, a escassez de combustível na província da Huíla está igualmente a provocar a especulação dos preços do produto nos mercados informais de alguns municípios, como Chicomba, Caconda e Chipindo, onde o litro de gasolina passou de 500 para 2.500 kwanzas.
Os utentes dos serviços de táxi nestes municípios do leste da província da Huíla pedem a intervenção das autoridades competentes, para se travar a especulação de preços do produto no mercado informal. José Augusto, professor do município do Kuvango e residente no município do Lubango, disse que saiu de casa com destino ao seu local de trabalho, porém, teve de interromper a viagem por conta da alteração do preço da corrida do táxi.
“Eu saí de casa com o intuito de me deslocar ao município do Kuvango, onde trabalho no sector da educação, mas, posto aqui, deparo-me com a alteração do preço da corrida de táxi. Só tinha mesmo 2.500 kz, por isso, tive de interromper a viagem para preparar mais dinheiro. Era bom que as autoridades pudessem fazer algo a respeito, está demais”, apelou.
Por seu lado, Madalena Nyama, comerciante, disse que tira diversos bens alimentares do município da Matala para o município do Kuvango, onde os comercializa, mas as alterações que se verificam no preço da corrida do táxi poderão influenciar também no preço dos produtos que vende no mercado.
“Eu compro peixe seco para revender no mercado do Kuvango, agora que aumentaram a corrida de táxi, também terei de fazer ajustes dos preços quando chegar ao meu destino. Nós já questionamos os automobilistas que fazem o trabalho de táxi no troço Matala/Kuvango, dizem que é por causa da gasolina que não tem nas bombas”, disse.
Entretanto, os automobilistas que fazem o serviço de táxi nestes municípios afirmam que não se trata de um aumento do preço da corrida de táxi, mas a alteração dos preços da corrida de táxi deve-se ao facto de a gasolina estar a ser comercializada ao preço de 1500 por cada litro no mercado informal da Matala. Camati Nambalo Ulika disse que, em função do preço da gasolina no mercado informal do município da Matala, houve a necessidade de se alterar o preço do táxi para se ajustar ao investimento feito com o abastecimento da sua viatura.
“O meu carro tem cinco lugares de lotação, a cobrar 2500 kwanzas, eu tenho por cada corrida 12.500, só de gasolina, nós estamos a gastar mais de 20 mil kwanzas por 20 litros, por isso, tivemos de ajustar o preço, até que tudo volte ao normal. Entretanto, queremos pedir à Polícia ou aos fiscais que venham trabalhar com as senhoras que vendem gasolina no mercado informal, para pelo menos comprarmos a um preço razoável, talvez 1200 kwanzas”, explicou.
Automobilistas pernoitam nos Postos de Abastecimento de Combustível (PAC)
Os automobilistas do município do Lubango, capital da província da Huíla, são obrigados a pernoitar nos Postos de Abastecimento de Combustível (PAC), sobretudo para os taxistas, para conseguirem o produto e realizarem as suas tarefas diárias. De acordo com alguns taxistas que falaram à nossa reportagem, o facto deve-se à escassez de combustível que a província da Huíla vive desde a semana passada.
A este problema, associase a facilidade que certos frentistas dos Postos de Abastecimento de Combustível, em atender revendedores dos mercados informais da província. O taxista Agostinho João disse que passou a noite num dos Postos de Abastecimento de Combustível para abastecer a sua viatura, mas não teve sucesso, por isso, teve de recorrer ao mercado informal.
“Já passei a noite aqui nessa bomba, o que está a nos preocupar é que muitos frentistas estão a vender mais nos bidões, isso não é bom, porque as senhoras que vêm comprar aqui com os bidões, estão a especular o preço. Por exemplo, eu tive de comprar o litro de gasolina, na candonga, por 1000 Kwanzas, é muito. Gostaríamos que alguém de direito viesse explicar o que se está a passar, porque não se admite que uma cidade como a nossa passe mais de uma semana sem gasolina”, afirmou.
Por: João Katombela, na Huíla