Um dos maiores produtores de petróleo do continente africano, Angola somente ontem viu nascer a sua primeira refinaria de derivados do crude.
A província de Cabinda, por sinal uma das que têm em abundância a principal obra-prima, tem a honra de albergar a primeira infra-estrutura construída para o efeito depois da independência do país em 1975. A Refinaria de Cabinda abre um novo ciclo no país.
Apesar de ter sido aberta, ontem, pelo Presidente da República, João Lourenço, a primeira fase, o projecto coloca Angola no leque de países produtores de derivados, assim como reacende a esperança de que no futuro se poderá mesmo atingir a esperada autossuficiência que há muito se almeja.
Ao longo dos anos, embora esteja em operação a Refinaria de Luanda, herdada da época colonial, o país continua a depender da exportação para atender às suas populações com gasolina, gasóleo e Jet.
A produção interna, que até então era só feita em Luanda, não chega sequer para cobrir metade das necessidades existentes, agravada pelo contrabando que, durante décadas, era realizado de maneira impune.
Durante a inauguração, quando se dirigiu à imprensa, o Presidente da República deixou patente essa vontade de ver o país atingir não só a autossuficiência, como também poder exportar os referidos produtos para outros mercados, sobretudo aqueles países vizinhos que nos circundam e têm sido destino do combustível subvencionado para os angolanos ou para aqueles que escolheram Angola para viver.
De uma única refinaria herdada da época colonial, os projectos existentes – recordados pelo ministro dos Petróleos e Recursos Naturais, Diamantino Azevedo – indicam que, para os próximos tempos, o avanço das obras e dos projectos das refinarias do Lobito, em Benguela, e Soyo, no Zaire.
Sem menosprezar as intervenções ocorridas em Luanda, que acabaram por aumentar significativamente a produção de derivados como a gasolina e o gasóleo.
Exceptuando a gasolina, que se vai produzir a posterior, de Cabinda poderão sair já, nos próximos três meses, gasóleo e outros derivados. Enquanto isso, como frisou o Presidente João Lourenço, a segunda fase da empreitada deverá arrancar com a máxima urgência, para se alcançar os objectivos preconizados.
Se para muitos a inexistência de refinaria era o principal problema, descurando-se deste importante empreendimento, incluindo nas fases mais douradas da economia angolana, há quem olhe agora para o facto de se estar perante um projecto público-privado como sendo inapropriado.
O que não é verdade, se se tiver em conta as nuances assinaladas pelo titular do Ministério dos Petróleos, assegurando a soberania do país em torno do que lá for produzido. Enganam-se os que pensam que, para se atingir a autossuficiência, será única e exclusivamente com investimentos por parte do Estado num modelo de economia de mercado que se pretende ver cada vez mais melhorado.
Por isso, as Gemcorps e outras empresas interessadas devem ter as portas abertas, o que deverá fomentar não só a produção, como a criação de mais postos de trabalho e o desenvolvimento do país. O resto, como se soe dizer, é só mesmo conversa.