Foi com enorme satisfação que recebi o desafio do editor de Desporto do jornal OPAÍS, Sebastião Félix, e do editor de Online, Domingos Bento, para escrever uma crónica sobre o Afrobasket 2025, prova disputada no Pavilhão Multiusos do Kilamba, em Luanda, e no Pavilhão Welwitschia Mirabilis, na cidade de Moçâmedes, na província do Namibe, de 12 a 24 deste mês.
Dada a importância do torneio, no dia inaugural do Campeonato Africano sénior masculino de basquetebol, cheguei cedo, por volta das 10h00, no Pavilhão Multiusos do Kilamba, para receber a credencial, documento que me habilitava a exercer o meu trabalho. Para a minha tristeza e de outros jornalistas que marcaram presença nas primeiras horas de terça-feira, 12, no portão do recinto inaugurado em 2013, não consegui(mos) a acreditação.
Surpreendentemente, o ministro da Juventude e Desportos, Rui Luís Falcão Pinto de Andrade, teve que intervir junto da organização para se resolver o problema dos profissionais da comunicação social.
Até aqui tudo bem, ou seja, consegui (mos) fazer a cobertura da jornada e da cerimónia inaugural do certame. Em verdade, a organização do Afrobasket 2025, sob tutela da FIBA África, acreditou todos os jornalistas que acederam ao portal do órgão que rege a modalidade no continente no segundo dia da prova.
Como diz o velho adagio “só não erra quem não trabalha”. Por essa razão, deixo de lado os erros organizativos, porque é algo normal em competições do género.
Aliás, a história revela que também, na NBA e nos Jogos Olímpicos, a tabela parte, o cronómetro de 24 segundos pára de funcionar ou é também trocado.
Enfim! Dentro da quadra, testemunhei cada afundanço, triplos e jogadas espectaculares das melhores estrelas do basquetebol africano, sem desprimor para os demais, mas vou particularizar as exibições de Childe Dundão (MVP), dos senegaleses Brancou Badio (melhor marcador e melhor no lançamento dos três pontos) e Jean-Jacques Boissy, que apontou quarenta pontos no jogo pela decisão do terceiro lugar.
Sem exagero, posso aqui dizer que é um verdadeiro regalo ver jogar os três jogadores que mencionei. Antes que me esqueça, não posso deixar em branco vários jovens e senhoras que aproveitaram montar ‘bancadas’ no Parque Livre, na parte exterior do Pavilhão Multiusos do Kilamba, onde comercializavam magoga, refrigerantes, pinchos e outros produtos que os adeptos precisavam para consumir no momento.
Durante o torneio, tive a oportunidade de conversar com algumas vendedoras que garantiram, de forma unânime, que o dinheiro que conseguiram nos dias de venda servirá para comprar material escolar para os filhos, uma vez que o regresso às aulas está aprazado para a primeira semana de Setembro.
Apesar de cobrir o Afrobasket 2025 apenas, no Pavilhão Multiusos do Kilamba, em Luanda, pude constatar à distância que, durante seis dias, a cidade de Moçâmedes, na província do Namibe, viveu uma verdadeira festa da bola ao cesto.
Sendo o meu primeiro Afrobasket, em doze anos de carreira, não contive a emoção. Lagrimei. Foi de alegria, no momento da entoação do Hino Nacional, Angola Avante, antes do apito inicial do jogo da final entre Angola e o Mali.
Aliás, os doze mil adeptos presentes no Arena do Kilamba justificaram o título do livro “Desporto Factor de Desenvolvimento e Unidade Nacional”, da autoria de Helvarina Pereira. Em verdade, a união dos adeptos ajudou Angola a conquistar o 12.º título africano, após doze anos de jejum.
Com mais aposta no escalão de formação, acredito que Angola vai voltar a dominar o basquetebol africano, porque os jovens jogadores, comandados em campo por Childe Dundão, demonstraram isso durante o torneio.
Portanto, peço o engajamento de todas as forças vivas do país, porque quem sai a ganhar é mesmo o país, tal como aconteceu na vitória de domingo, 24 de Agosto. Parabéns, Angola!
Jornalista