OPaís
Ouvir Rádio Mais
Sex, 22 Ago 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Ouvir
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

SADC: da sigla à integração regional

Jornal OPaís por Jornal OPaís
22 de Agosto, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
0
Apreendidas nove armas de fogo e detidos mais de cem suspeitos

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) nasceu em 1992 com a ambição de promover a integração política, económica e social de uma região marcada por uma história complexa de colonialismo, conflitos armados e desigualdades estruturais.

Poderão também interessar-lhe...

Expo Huíla: Modelo de agente bancário do BAI desperta interesse no terceiro dia da feira

O continente em jogo. Angola unida: AfroBasket 2025

Jogos Nacionais Escolares: a aposta certa na massificação desportiva

Décadas depois, apesar dos avanços registados, a pergunta impõe-se: por que razão a SADC ainda não se consolidou como um verdadeiro veículo de integração regional? É inegável que existem conquistas relevantes.

A paz tornou-se a norma em grande parte da região, com excepção de focos de instabilidade persistentes em Moçambique (Cabo Delgado) e na República Democrática do Congo (Leste).

A liberalização comercial avançou com a criação da Zona de Comércio Livre em 2008, permitindo maior circulação de bens entre os Estadosmembros. A nível político, a SADC desenvolveu mecanismos de prevenção e resolução de conflitos, que, embora imperfeitos, constituem um marco na cooperação regional. Mas a integração não se mede apenas pela existência de tratados ou pela retórica diplomática.

Ela exige resultados concretos na vida das populações: circulação de pessoas, criação de empregos, aumento da competitividade e construção de uma identidade regional. É precisamente aqui que a SADC mostra fragilidades profundas.

O primeiro grande desafio reside na disparidade económica entre os membros. A África do Sul representa, isoladamente, cerca de 60% do PIB regional, tornando-se o “gigante económico” cuja centralidade cria desequilíbrios nas trocas comerciais.

Países mais pequenos, como Lesoto, Essuatíni ou Malawi, continuam dependentes de transferências, remessas e de exportações limitadas. Sem políticas de coesão que redistribuam ganhos e criem cadeias de valor regionais, a integração transforma-se num jogo de “ganhadores e perdedores”.

Outro obstáculo estrutural é a infraestrutura deficiente. A retórica da integração colide com a realidade de estradas esburacadas, linhas férreas abandonadas e portos subutilizados.

A ausência de corredores logísticos modernos impede o crescimento do comércio intra-regional, que não ultrapassa 20% do total, muito abaixo dos 60% da União Europeia ou dos 40% da ASEAN. Enquanto cada país continuar a olhar para fora – exportando matérias-primas para a China, Índia ou Europa – em vez de priorizar o mercado vizinho, a SADC permanecerá uma promessa adiada.

A questão da mobilidade é outro entrave. Enquanto cidadãos europeus circulam livremente no espaço Schengen, os cidadãos da África Austral enfrentam controlos fronteiriços rígidos e burocracia que inibe trocas humanas e culturais.

A Declaração de Arusha sobre a livre circulação de pessoas permanece mais um compromisso do que uma realidade. Sem mobilidade plena, não há integração autêntica. No campo político, a SADC ainda sofre da chamada “diplomacia de solidariedade”, herdada da luta anti-colonial.

A tendência de proteger governos em detrimento dos povos mina a credibilidade da organização. Em crises eleitorais como as do Zimbabué ou da RDC, a SADC hesitou em adotar posições firmes, optando por comunicados vagos em nome da “soberania”. Esta atitude enfraquece a confiança dos cidadãos na capacidade do bloco em garantir democracia e boa governação.

Além disso, a dependência financeira de doadores externos para financiar grande parte das suas actividades revela uma contradição: como aspirar a ser motor de integração se a própria sustentabilidade depende de fundos europeus ou internacionais? A integração exige apropriação regional, com contribuições financeiras equitativas e mecanismos internos de autofinanciamento.

Para que a SADC se transforme, de facto, num veículo de integração regional, são necessárias medidas ousadas e coordenadas: 1. Políticas de coesão económica, que promovam industrialização partilhada e cadeias de valor regionais. 2. Investimento maciço em infraestruturas transfronteiriças, articulando corredores rodoviários, ferroviários, energéticos e digitais.

3. Livre circulação de pessoas e bens, com harmonização de normas migratórias e redução da burocracia fronteiriça. 4. Compromisso com a democracia e o Estado de Direito, assumindo que integração não é apenas económica, mas também política e institucional. 5. Financiamento autónomo, reduzindo a dependência de parceiros externos.

A SADC encontra-se, portanto, diante de uma encruzilhada: ou continua a ser uma organização de discursos protocolares, limitada a cimeiras anuais, ou assume o papel transformador que os povos da região aguardam há décadas.

A integração não é um luxo, é uma necessidade estratégica num mundo cada vez mais competitivo. O futuro da África Austral depende da capacidade da SADC de transformar tratados em realidades, promessas em projectos e discursos em resultados palpáveis.

O verdadeiro teste da integração não está nas salas de conferência, mas sim na vida do cidadão comum que espera atravessar fronteiras sem barreiras, comerciar sem entraves e sentir que pertence a uma região unida. Só assim a SADC deixará de ser uma sigla distante para se tornar, enfim, um veículo autêntico de integração regional.

Por: ALEXANDRE CHIVALE

Jornal OPaís

Jornal OPaís

Recomendado Para Si

Expo Huíla: Modelo de agente bancário do BAI desperta interesse no terceiro dia da feira

por Jornal OPaís
22 de Agosto, 2025
Expo Huíla: Modelo de agente bancário do BAI desperta interesse no terceiro dia da feira

O stand do Banco Angolano de Investimentos (BAI) foi um dos pontos de maior afluência no terceiro dia da Expo Huíla 2025, com destaque para o elevado número...

Ler maisDetails

O continente em jogo. Angola unida: AfroBasket 2025

por Jornal OPaís
22 de Agosto, 2025
O continente em jogo. Angola unida: AfroBasket 2025

Há momentos que não pertencem apenas ao desporto: pertencem à história. O AfroBasket 2025 está a revelar-se um desses capítulos maiores. Angola venceu todos os jogos da primeira...

Ler maisDetails

Jogos Nacionais Escolares: a aposta certa na massificação desportiva

por Jornal OPaís
22 de Agosto, 2025
Jogos Nacionais Escolares: a aposta certa na massificação desportiva

Sempre acreditei que Angola só alcançará maturidade desportiva quando entender que o verdadeiro ponto de partida não está nas selecções principais nem nas academias de elite, está na...

Ler maisDetails

Regimes cambiais: entre o fixo mais ajustável e o rigidamente fixo

por Jornal OPaís
22 de Agosto, 2025
Regimes cambiais: entre o fixo mais ajustável e o rigidamente fixo

Em regra, os governos procuram evitar a depreciação cambial por via do aumento das taxas de juro, mas os efeitos internos adversos impõem limites ao aumento agudo e...

Ler maisDetails
Fórum Negócios  Conectividade Fórum Negócios  Conectividade Fórum Negócios  Conectividade
Sector diamantífero atinge pela primeira vez a cifra de 14 milhões de quilates

‎SIC detém cidadãos em posse de mais de 100 pedras de diamantes na Lunda Norte

22 de Agosto, 2025
‎Angola participa com 30 empresas na Cúpula Empresarial Nórdico-Africana na Noruega

‎Angola participa com 30 empresas na Cúpula Empresarial Nórdico-Africana na Noruega

22 de Agosto, 2025
Reconhecimento a Holden  Roberto e Jonas Savimbi  gera polémica em torno  da proposta de Lei

PR rende tributo ao cientista maliano Abdoulaye Djimdé pela distinção no Prémio Hideyo Noguchi

22 de Agosto, 2025
Expo Huíla: Modelo de agente bancário do BAI desperta interesse no terceiro dia da feira

Expo Huíla: Modelo de agente bancário do BAI desperta interesse no terceiro dia da feira

22 de Agosto, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Ouvir Rádio Mais

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.