OPaís
Ouça Rádio+
Dom, 19 Out 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Ouça Rádio+
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

SADC: da sigla à integração regional

Jornal OPaís por Jornal OPaís
22 de Agosto, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
0

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) nasceu em 1992 com a ambição de promover a integração política, económica e social de uma região marcada por uma história complexa de colonialismo, conflitos armados e desigualdades estruturais.

Poderão também interessar-lhe...

A competência da mulher reconhecida no Discurso da Nação

Ainda vale a pena acreditar

Quando o sonho termina, começa o trabalho

Décadas depois, apesar dos avanços registados, a pergunta impõe-se: por que razão a SADC ainda não se consolidou como um verdadeiro veículo de integração regional? É inegável que existem conquistas relevantes.

A paz tornou-se a norma em grande parte da região, com excepção de focos de instabilidade persistentes em Moçambique (Cabo Delgado) e na República Democrática do Congo (Leste).

A liberalização comercial avançou com a criação da Zona de Comércio Livre em 2008, permitindo maior circulação de bens entre os Estadosmembros. A nível político, a SADC desenvolveu mecanismos de prevenção e resolução de conflitos, que, embora imperfeitos, constituem um marco na cooperação regional. Mas a integração não se mede apenas pela existência de tratados ou pela retórica diplomática.

Ela exige resultados concretos na vida das populações: circulação de pessoas, criação de empregos, aumento da competitividade e construção de uma identidade regional. É precisamente aqui que a SADC mostra fragilidades profundas.

O primeiro grande desafio reside na disparidade económica entre os membros. A África do Sul representa, isoladamente, cerca de 60% do PIB regional, tornando-se o “gigante económico” cuja centralidade cria desequilíbrios nas trocas comerciais.

Países mais pequenos, como Lesoto, Essuatíni ou Malawi, continuam dependentes de transferências, remessas e de exportações limitadas. Sem políticas de coesão que redistribuam ganhos e criem cadeias de valor regionais, a integração transforma-se num jogo de “ganhadores e perdedores”.

Outro obstáculo estrutural é a infraestrutura deficiente. A retórica da integração colide com a realidade de estradas esburacadas, linhas férreas abandonadas e portos subutilizados.

A ausência de corredores logísticos modernos impede o crescimento do comércio intra-regional, que não ultrapassa 20% do total, muito abaixo dos 60% da União Europeia ou dos 40% da ASEAN. Enquanto cada país continuar a olhar para fora – exportando matérias-primas para a China, Índia ou Europa – em vez de priorizar o mercado vizinho, a SADC permanecerá uma promessa adiada.

A questão da mobilidade é outro entrave. Enquanto cidadãos europeus circulam livremente no espaço Schengen, os cidadãos da África Austral enfrentam controlos fronteiriços rígidos e burocracia que inibe trocas humanas e culturais.

A Declaração de Arusha sobre a livre circulação de pessoas permanece mais um compromisso do que uma realidade. Sem mobilidade plena, não há integração autêntica. No campo político, a SADC ainda sofre da chamada “diplomacia de solidariedade”, herdada da luta anti-colonial.

A tendência de proteger governos em detrimento dos povos mina a credibilidade da organização. Em crises eleitorais como as do Zimbabué ou da RDC, a SADC hesitou em adotar posições firmes, optando por comunicados vagos em nome da “soberania”. Esta atitude enfraquece a confiança dos cidadãos na capacidade do bloco em garantir democracia e boa governação.

Além disso, a dependência financeira de doadores externos para financiar grande parte das suas actividades revela uma contradição: como aspirar a ser motor de integração se a própria sustentabilidade depende de fundos europeus ou internacionais? A integração exige apropriação regional, com contribuições financeiras equitativas e mecanismos internos de autofinanciamento.

Para que a SADC se transforme, de facto, num veículo de integração regional, são necessárias medidas ousadas e coordenadas: 1. Políticas de coesão económica, que promovam industrialização partilhada e cadeias de valor regionais. 2. Investimento maciço em infraestruturas transfronteiriças, articulando corredores rodoviários, ferroviários, energéticos e digitais.

3. Livre circulação de pessoas e bens, com harmonização de normas migratórias e redução da burocracia fronteiriça. 4. Compromisso com a democracia e o Estado de Direito, assumindo que integração não é apenas económica, mas também política e institucional. 5. Financiamento autónomo, reduzindo a dependência de parceiros externos.

A SADC encontra-se, portanto, diante de uma encruzilhada: ou continua a ser uma organização de discursos protocolares, limitada a cimeiras anuais, ou assume o papel transformador que os povos da região aguardam há décadas.

A integração não é um luxo, é uma necessidade estratégica num mundo cada vez mais competitivo. O futuro da África Austral depende da capacidade da SADC de transformar tratados em realidades, promessas em projectos e discursos em resultados palpáveis.

O verdadeiro teste da integração não está nas salas de conferência, mas sim na vida do cidadão comum que espera atravessar fronteiras sem barreiras, comerciar sem entraves e sentir que pertence a uma região unida. Só assim a SADC deixará de ser uma sigla distante para se tornar, enfim, um veículo autêntico de integração regional.

Por: ALEXANDRE CHIVALE

Jornal OPaís

Jornal OPaís

Recomendado Para Si

A competência da mulher reconhecida no Discurso da Nação

por Jornal OPaís
17 de Outubro, 2025

“As mulheres do nosso país já não têm nada a provar quanto à sua capacidade e quanto à sua importância...

Ler maisDetails

Ainda vale a pena acreditar

por Jornal OPaís
17 de Outubro, 2025

Há dias em que o País parece cansado. Mas, mesmo nos dias ma is d i f íceis, Angola continua...

Ler maisDetails

Quando o sonho termina, começa o trabalho

por Jornal OPaís
17 de Outubro, 2025

Chegou ao fim mais um capítulo da caminhada dos Palancas Negras rumo ao sonho mundialista. Vinte anos depois da epopeia...

Ler maisDetails

O Estado da Nação 2025: entre a retórica da transformação e o desafio da realidade

por Jornal OPaís
17 de Outubro, 2025

I. Um discurso para um tempo de transição João Lourenço subiu à tribuna da Assembleia Nacional com voz firme e...

Ler maisDetails
Fórum Negócios  Conectividade Fórum Negócios  Conectividade Fórum Negócios  Conectividade

GPL reforça ordenamento do trânsito com reabilitação de semáforos na Marginal

18 de Outubro, 2025

Secretário-geral da FRELIMO diz que população irá entender razão de libertação se tiver infra-estrutura de qualidade

18 de Outubro, 2025

Mais de 6 quilómetros da Avenida Luther Rescova serão reabilitados

18 de Outubro, 2025

Magistrados Africanos visitam Porto do Lobito

18 de Outubro, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Ouça Rádio+

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.