Caro coordenador do jornal OPAÍS, votos de uma boa quinta-feira. Acredito que a tal “onda de violência no mundo” é só o nome chique que damos para um velho hábito humano: destruir-se mutuamente em ciclos cada vez mais criativos. Antes eram espadas, depois pólvora, agora drones e algoritmos militares.
O ser humano evolui em tecnologia, mas continua preso ao instinto primário de resolver conflitos com sangue. O mais curioso é como a violência hoje parece um vírus globalizado: guerras intermináveis no Oriente Médio, golpes de Estado na África, massacres “domésticos” nos Estados Unidos, facções urbanas ditando regras em grandes cidades da América Latina.
O planeta virou um mapa interactivo da barbárie. E no meio disso tudo, políticos, empresas de armas e traficantes de influência esfregam as mãos, porque a violência é rentável. Já as vítimas, sempre as mesmas: pobres, jovens, gente comum que nunca foi convidada para a mesa onde se decide quem deve morrer amanhã.
O discurso de “paz” segue como peça de marketing. Cada cúpula internacional produz mais fotogra- fias sorridentes do que resultados.
Enquanto isso, famílias enterram filhos, crianças crescem traumatizadas e sociedades se anestesiam, acostumadas a ver horrores no noticiário como se fossem episódios de uma série. Assim sendo, a violência não é onda, é maré permanente. E o mundo segue nadando nela, fingindo que um dia virá a calmaria.
POR: Lopes Santos
Luanda, Paz Flor