Diz-se sempre que a primeira impressão é a que conta. E o facto de nunca ter visto pessoas a acamparem pelas ruas do KK5000,no município do Kilamba, despertou curiosidade sobre oque se passa.
Distante dos meninos de rua que se abrigam nas proximidades de contentores, onde muitos acabam por retirar restos de alimentos e outros bens para matar a fome ou ainda vender, na terça-feira vi pessoas bem vestidas e nutridas.
Este facto aumentou a curiosidade sobre o que se passa, aventando inicialmente a possibilidade de existir nas proximidades um óbito, acontecimento em que se observa quase sempre um grupo de pessoas.
Na manhã de ontem, quarta-feira,procurei saber a razão do pequeno acampamento à madrugada. Foi então que me apercebi de que as pessoas, maioritariamente encarregados de educação, a campavam nas imediações de uma escola para poderem, no dia seguinte, conseguir uma vaga para os seus educandos.
Com as aulas no primeiro ciclo prestes a iniciar, o acesso às pequenas vagas existentes no ensino público continua a ser uma autêntica dor de cabeça para os pais.
Facto este que faz com que muitos, apostados em fugir dos preços proibitivos que se aplicam hoje no ensino particular, não olhem a meios nem a sacrifícios para que possam garantir um lugar aos seus educandos. Mas estava longe de imaginar a dimensão do esforço que se faz hoje.
O que se pode traduzir na exiguidade de escolas e, consequentemente, salas de aulas para atender ao crescente número de crianças existentes no país, muitas das quais já há muito fora do sistema de ensino.
Com mais de 10 milhões de pessoas e uma periferia que cresce de forma vertiginosa, Luanda vai sentindo, ao que tudo indica, uma forte pressão a nível da sua infra- estrutura escolar, hoje incapaz de acolher uma grande maioria, que se acredita ultrapassar largos milhares de crianças.
Em cada início de ano lectivo, fica cada vez mais patente a necessidade de se incrementar a construção de mais escolas e a necessidade de o Estado, junto dos seus parceiros privados, encontrar outras modalidades para se atenuar a pressão e se introduzir mais crianças no sistema de ensino.
As estatísticas se vão mostrando dispares. Com o Executivo a apresentar os seus números e as organizações da sociedade civil e algumas internacionais, entre as quais a própria Unicef, também os seus indicadores.
Não obstante a isso – e aos números que se apresentam – a olho nu já começa a ser visível que é necessário mais escolas na capital e, acredita- se, em quase todo o país, onde os angolanos já devem ser mais de 30 milhões e todos os dias nascem novos cidadãos.