A mostra, intitulada “24/24 Mais Alguma Coisa”, transporta-nos para o imaginário das culturas, apresentando um diálogo visual que ecoa os contrastes vividos: a presença e a ausência de água, a necessidade e a carência de pasto
O problema da seca na região Sul do país volta a ser realçado com mestria, nas magníficas telas sob acrílico, instalação e outras criações, pela veia artística de Ima Tchitanga, na terceira etapa do ciclo expositivo, que tem início, esta sexta-feira, 22, no Sky Gallery, em Luanda.
A mostra, que estará ao dispor do público até 19 de Setembro, intitula-se “24/24 Mais Alguma Coisa”, conta com a curadoria de Jardel Selele e poderá ser visitada de segunda a domingo, no período das 9 às 12 horas, e das 14 às 19 horas, com entrada gratuita.
É constituída por 26 obras, das quais 11 experimentos em papel, 13 pinturas em acrílico sobre tela e uma instalação, criada com restos mortais de animais, terra, capim, folhas e troncos secos. Retrata a seca no Sul de Angola, especialmente nas províncias do Cunene, da Huíla e do Namibe, em relação a capacidade de resiliência e sobrevivência das pessoas afectadas por esse fenómeno em suas regiões.
A autora da exposição, Ima Tchitanga, em entrevista ao Jornal OPAIS, afirmou que a mostra reflecte o contexto actual em que a sociedade se encontra diante dos desafios enfrentados pelos nossos compatriotas que vivem nas áreas afectadas pela seca, numa época em que o individualismo e o olhar para as causas dos outros estão quase inexistentes.
Referiu que, a par dos aspectos já referenciados, a colecção tem ainda como objectivo principal, fazer com que a sociedade olhe para a seca, não somente como um fenómeno natural ao qual devemos nos adaptar, mas para que as pessoas que seguem lutando por sobrevivência, dignidade, cultura e território no quotidiano.
Visivelmente preocupada com o fenómeno na região Sul do país, a artista considerou esta sua proposta expositiva itinerante, como resultado de uma pesquisa, visando reflectir sobre a resiliência, a interpretação do público, o espaço, o vazio e o tempo, uma vez que são temas fundamentais na poética da Instalação.
“Esta é uma exposição individual de carácter itinerante, a terceira paragem da mesma”, disse Ima Tchitanga, recordando que a primeira realizou-se na Galeria Tamar Golan, Ilha de Luanda, e a segunda, na Tribus do Sul RN. Satisfeita com esta iniciativa, a artista considerou o projecto, um mergulho na riqueza cultural do Sul de Angola.
Sublinhou que esta exposição reuniu, no referido ciclo, fotografias e pinturas numa narrativa muito forte sobre resiliência, moda, contemporaneidade, ecologia e sustentabilidade ambiental.
Trajectória artística
Imaculada Eliane Tchitanga, de pseudônimo artístico Ima Tchitanga, nasceu no ano 2000. É uma artista multidisciplinar e experimental que explora vários meios artísticos, sendo a pintura, a fotografia e a instalação, os seus meios de eleição.
Fez os seus estudos primário e secundário no Complexo Escolar Divina Providência, entre 2006- 2018. É licenciada em Artes Visuais pela FAARTES (Faculdade de Artes da Universidade de Luanda).
É professora de Artes Visuais e gestora de projectos, curadorias no Ateliê e Galeria Palomino Artes, onde, além de ensinar, vem desenvolvendo estudos técnicos e conceituais como discípula de Yasiel Palomino Peres.