Ilustre coordenador do jornal OPAÍS, saudações e votos de uma boa terça-feira. Acredito que a solidariedade é um dos pilares mais antigos da convivência humana.
Desde os primórdios, as comunidades sobreviviam porque havia partilha de recursos, protecção mútua e apoio nos momentos de dificuldade. Esse instinto natural de cuidado evoluiu e hoje é chamado de cultura da solidariedade: um hábito social que valoriza a cooperação em vez do individualismo.
O problema é que, em muitas sociedades, a solidariedade aparece apenas em momentos de tragédia. Desastres naturais, crises económicas ou doenças despertam gestos generosos, mas assim que a poeira baixa, cada um volta ao seu mundo fechado.
Esse ciclo mostra que ainda existe uma visão superficial do conceito, como se ajudar fosse só um ato pontual e não uma prática constante. A verdadeira cultura da solidariedade vai além da caridade material.
Ela implica ouvir, compreender, apoiar emocionalmente e valorizar o outro como igual. Não se trata de “dar o que sobra”, mas de partilhar o que se tem, seja tempo, conhecimento ou presença.
Esse tipo de solidariedade cria relações mais horizontais e menos paternalistas. Quando pessoas se unem para resolver problemas, desde organizar a limpeza de um bairro até pressionar por políticas públicas justas, criam-se redes de confiança e pertencimento. Isso reduz desigualdades e combate a indiferença, que é o maior veneno social.
Por: Luís Silva Luanda, Cacuaco