A ortografia, segundo a definição mais simples, é o estudo da correcta escrita das palavras. E esse estudo circunscreve-se a dois critérios: i) palavras regulares e ii) irregulares.
As primeiras são aquelas que obedecem às normas e às regras para que tenhamos domínio da sua escrita. Enquanto as segundas, no caso de serem irregulares, são aquelas que precisam de ser decoradas ou sabidas, tal como se apresentam, para serem escritas sem dúvidas. Na sala de aula, no entanto, às vezes tem havido muitas dificuldades ao ensiná-las, principalmente nos ciclos de base.
Existem várias técnicas/métodos que se podem usar para ensinar ortografia, uma delas é a que descreverei em forma de diálogo no texto abaixo. Durante o tempo em que fui professor na cadeira de Língua Portuguesa, numa instituição privada, na 8ª classe, turma C, sempre que quisesse ditar um conteúdo, percorria a sala, passando entre as carteiras, para verificar como os alunos escreviam. Acompanhado de uma agenda de anotações, registava cada erro que identificasse nos cadernos deles ao ditá-los.
Em seguida, não fazia a correção naquele momento. Entretanto, permitia que eles próprios corrigissem. Antes de avançar para o próximo parágrafo, executava a seguinte tarefa: — Jamba, vai até ao quadro.
– Normalmente, era porque ele havia cometido um erro de grafia, mas sem saber que eu sabia, por isso o mandei para o quadro. — Sim, senhor professor! — Pega no giz e escreve a palavra X. — Sim. Já o fiz, professor! – Neste momento, dirigia-me à turma. — Está correcta? — Não. – Respondia a Minga. Ele não se sentava, esperava até aparecer alguém capaz de superar aquele erro.
— Podes vir ajudar-nos, por favor? – A Minga levantava-se e ia até ao quadro para corrigir o erro do colega. Terminada a correção, perguntava-lhes novamente. — Agora, está correcta essa palavra? — Sim. – Unissonamente, garantiam-me.
Esse processo era feito até terminar todas as palavras escritas na minha agenda sobre os erros que eles cometiam ao escrever. Para outros casos, fazia o seguinte: — Hoje, depois de vos entregar as provas, trocarão de folhas, ou seja, o Mangudo dará a sua ao Cangombe e este, por sua vez, dará a sua à Tchimbili. – Dizia-lhes. — Isso é para que efeito, senhor professor.
– Perguntava-me o Tchombe. — Esses exercícios (respondendo-lhe) permitirão apurar os seguintes dados: a) Saber quantos erros foram cometidos pelos colegas e deverão corrigi-los; b) Identificar a escrita correcta de palavras que, possivelmente, têm tido dificuldades em escrevê-las; c) Ter noção de que todos temos a capacidade inata de cometer erros, mas que, de igual modo, temos o privilégio de superá-los, se quisermos, claro.
— Ah, está bem, senhor professor! Feita a selecção de possíveis erros encontrados por cada folha de prova, faz-se o levantamento dos tipos quanto à categoria de palavras; se são regulares ou irregulares.
Em se tratando das irregulares, recorre-se até ao dicionário, e para as regulares, apega-se a uma das regras que vai corresponder à escrita da palavra escolhida.
Dizer que, portanto, esses exercícios não são dogmáticos. Tanto é que, no número de alunos daquela turma, apenas cinco souberam superar seus erros numa percentagem não inferior a 85%.
Ou seja, em textos produzidos por eles, ao terminar-se a época dessas atividades, não havia mais de cinco erros gráficos, sem se importar com o tipo.
Então, julgamos que não há outra forma melhor para que os nossos miúdos superem seus erros gráficos, senão expô-los diante das palavras. Ou melhor, expor as palavras diante dos alunos faz com que estes tenham noção e acostumem-se com as formas de escrita das palavras irregulares e das regras ou normas que envolvem as palavras irregulares.
Por: GABRIEL TOMÁS CHINANGA