Trezentos e vinte e seis municípios expõem as suas potencialidades na Feira dos Municípios e Cidades de Angola e promovem, entre si, parcerias e trocas de experiência. O Presidente da República, João Lourenço, que presidiu à abertura do certame, é a favor de que se premie sempre aquelas regiões que apresentam melhores práticas de gestão, incentivando a concorrência entre municípios
Os expositores estão a dar a ver aos visitantes as suas potencialidades económicas, a ponto de alguns expositores terem admitido que, durante três dias, «Angola se resume aqui, na Feira». Cada município expôs o seu forte. No stand do Namíbe, era possível observar alguns camelos e golfinhos.
Quem viajou ao Zaire, mesmo sem sair de Benguela, teve a oportunidade de ver de perto petróleo bruto, minerais como ferro, quartzo e ferro, no stand do Governo da Província do Zaire. “Eu tenho 40 anos e nunca tinha visto petróleo bruto. Fogo!”, admitiu o cidadão António Moisés.
O forte mesmo da feira e, por isso, mais o evidenciado, é a agricultura, com várias culturas. O administrador municipal da Ambuíla (Uíge), Justino Lourenço, afirmou que, na sua região, há produção em grande escala de culturas como mandioca, ginguba, bata-doce e não só e pensa dispor de condições para contribuir para segurança alimentar em Angola.
Ele deposita no Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Fome e à Pobreza, que conheceu um incremento financeiro adicional. O município de Justino Lourenço trouxe à feira, inaugurada pelo Presidente da República, João Lourenço, no sábado, 09, as potencialidades agrícolas. Por ser um município eminentemente agrícola, Lourenço trouxe aquilo que tem sido a essência no que se refere à agricultura familiar.
“O nosso município está em grande. Trouxe aquilo que tem sido a produção das cooperativas, das famílias”, considera. Neste momento, à luz de um programa que tem sido gizado localmente, mais de duas mil famílias estão engajadas na produção em grande escala de culturas como a mandioca, arroz, batata-doce, ginguba e citrinos.
Acredita que em boas parcerias e trocas de experiências com outras regiões na Feira dos Municípios e Cidades, que entra, hoje, domingo, no seu segundo dia. O administrador Justino Lourenço admite que o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Fome e à Pobreza, que está a sofrer alguma reestruturação, tem sido um mecanismo com o qual procuram inverter o cenário de fome na região sob sua jurisdição.
Entretanto, Justo está consciente de que a produção em grande escala de produtos, fomentada em vários programas, vai contribuir, cada vez mais, para o combate à fome.
O administrador municipal da Matala, província da Huíla, Manuel Machado Quilende, diz ter trazido à Feira dos Municípios e Cidades de Angola e sua diversidade cultural, ao que se junta a exposição daquilo que representa o potencial da região no que se refere à produção de arroz, cuja projecção, em termos de safra, aponta para cerca de 10 mil toneladas. Apesar disso, o governante admite que a região começa a dar passos firmes rumo ao fomento ao grão.
O governante revela que, para além da fazenda Ulonga, vários agricultores familiares, na região, se têm dedicado à produção de arroz. Machado Quilende diz que, para além desse grão, na feira, prevêem, igualmente, expor a farinha de milho (fuba), batata, alho, de entre outros.
O município está também a privilegiar a cultura do pescado, daí tenha na algibeira uma amostra da quimeia, que, segundo o administrador municipal, vai se afirmando como marca da Matala.
“Peixe do rio e também trazemos uma amostra daquilo que é o nosso potencial hídrico. Uma imagem da nossa barragem da Matala, que já tem estado a dar grandes avanços, em termos de apoio à irrigação dos campos e tem estado a permitir o fomento da indústria no nosso município”, expõe.
Do ponto de vista estatístico, neste momento, o município da Matala, em relação à produção de arroz, se se olhar apenas para a Fazenda Ulonga, segundo o administrador, está a tirar 4 mil toneladas ao ano, sendo que, para o presente, em função da mudança de semente, se desafiam a produzir, até ao final do ano, cerca de mil toneladas.
“De grosso modo, os outros produtores em outros campos agrícolas, projectámos, ao longo do ano, cerca de dez mil toneladas de arroz no total do município”, projecta. Manifesta também preocupação em relação ao estado do canal de irrigação do município que, segundo disse, carece de alguma intervenção.
“Em função das fortes quedas pluviométricas que assolou o município, o canal teve algumas pequenas roturas. O esforço conjunto entre a Administração Municipal da Matala, Direcção Provincial das Infra-estruturas e os produtores fomos fazendo alguma intervenção paliativa”, deu nota.
O Presidente da República manifesta-se satisfeito com a montra, na qual estão expostas as potencialidades e apela à boa gestão. João Lourenço é a favor de que se continue a premiar as boas práticas de gestão, de modo a que se incentive uma concorrência entre os municípios.
“É justo que continuemos a premiar as melhores práticas de gestão, incentivar a concorrência saudável entre os municípios de modo a promover e valorizar iniciativas que garantam a qualidade, a eficiência e a eficácia da acção governativa local”.
De acordo com o Chefe de Estado, “a audácia, o engenho e o compromisso devem ser as ferramentas na busca de soluções para resolver os problemas das populações em cada parcela do nosso território”, remata.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela