Angola é um país rico em recursos naturais que tem atravessado um processo de reestruturação econômica. Nos últimos anos, Angola enfrentou desafios significativos, como a dependência do petróleo, a inflação e as dificuldades fiscais.
No entanto, o ano de 2025 marca um ponto de inflexão crucial, com o avanço das estratégias de diversificação econômica, inovação tecnológica e reforma institucional.
Embora muitas ações implementadas ainda não tenham gerado resultados imediatos, isso não significa que nada tenha sido feito. É importante entender que as mudanças precisam de tempo para surtir efeitos reais na população.
Ainda surge a pergunta: E agora?
Quais são os avanços esperados e as oportunidades que surgirão? A resposta é clara: a visão crítica e permanente dos cidadãos tem impulsionado ações distintas.
Espera-se que os obstáculos sejam superados, e que as oportunidades surjam, possibilitando a transformação do país em um modelo de desenvolvimento sustentável e inclusivo. Vamos, então, analisar os aspectos essenciais que marcam o percurso da nossa economia.
1. Desafios Estruturais e a Necessidade de Diversificação
O setor petrolífero tem sido o motor da economia angolana, representando uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) e das exportações.
Contudo, a volatilidade dos preços do petróleo, combinada com os impactos das mudanças climáticas e a crescente transição energética, expôs a vulnerabilidade do país.
Em 2025, a diversificação econômica é uma prioridade para o governo. No entanto, essa transição tem sido lenta, com investimentos insuficientes em setores como agricultura, indústria e tecnologia.
Uma abordagem inovadora seria aproveitar a abundância de recursos naturais de Angola (não apenas o petróleo) para impulsionar setores sustentáveis.
Por exemplo, Angola tem um enorme potencial para o desenvolvimento de energias renováveis, como solar e eólica, dada sua localização geográfica privilegiada. Investir em infraestrutura verde pode gerar empregos e reduzir a dependência de fontes de energia não renováveis.
2. O Papel da Inovação e Tecnologia na Economia Angolana
A inovação tecnológica é um pilar essencial para o desenvolvimento de qualquer economia moderna. Para Angola, a adoção de tecnologias digitais pode representar um grande avanço, especialmente considerando que a juventude do país está cada vez mais conectada e disposta a criar soluções inovadoras para os problemas locais.
A pandemia de COVID-19 acelerou o uso da tecnologia, com destaque para empresas de sucesso como TUPUCA e MANO. Esse movimento pode ser ampliado em 2025. O sector de fintech (tecnologia financeira) tem sido uma área de crescimento importante no país.
Com o aumento da inclusão financeira digital, soluções como pagamentos móveis, empréstimos peer-to-peer e a digitalização de bancos têm o potencial de reduzir a dependência dos sistemas financeiros tradicionais, promovendo maior inclusão social e econômica.
Contudo, para que isso aconteça de forma eficaz, é essencial investir mais em infraestrutura digital e educação tecnológica, além de promover a educação financeira, até mesmo para os pequenos comerciantes da informalidade.
3. Reforma Institucional e Governança Econômica
Na minha opinião, a reforma institucional é um aspecto crucial para o futuro da economia angolana. A corrupção, a falta de transparência e a burocracia excessiva foram obstáculos ao desenvolvimento sustentável no passado, mas há progressos nesse sentido.
A população tem se mostrado impaciente, e espera-se que, a partir de 2025, o governo intensifique os esforços de combate à corrupção e modernize suas instituições públicas, tornando-as mais eficazes. Além disso, a transparência e a eficiência nas políticas fiscais e de investimento são essenciais para criar um ambiente de negócios favorável.
A credibilidade institucional tem sido afetada por escândalos, mas esses casos devem ser encarados como exemplos de ações contra o desvio de recursos públicos. No entanto, é fundamental acusar com provas claras e não propagar informações duvidosas.
Uma abordagem inovadora seria a implementação de tecnologias de governança digital para aumentar a transparência e reduzir a burocracia. Plataformas de governo eletrônico, por exemplo, poderiam eliminar as adjudicações públicas e a concentração de negócios em grupos econômicos. Melhorar o registro de propriedades é outro ponto vital, já que muitos cidadãos vivem e comercializam em espaços sem a devida legalização.
4. O Potencial Agrícola e o Empoderamento Rural
A agricultura tem sido uma parte negligenciada da economia angolana, apesar de seu enorme potencial. Embora haja esforços em curso, ainda é necessário garantir uma segurança alimentar digna para todos.
A falta de infraestrutura e a dependência de métodos agrícolas tradicionais dificultam o crescimento desse setor. Há sinais de mudança, com o governo e organizações internacionais demonstrando interesse crescente em modernizar a agricultura, investindo em tecnologias como sistemas de irrigação eficientes e sementes de alto rendimento.
Contudo, o acesso dos pequenos agricultores às tecnologias e ao crédito rural ainda é restrito. Para que o setor agrícola realmente prospere e contribua para a diversificação econômica, é necessário garantir capacitação, crédito e acesso a tecnologias modernas.
Além disso, o microcrédito tem se mostrado uma ferramenta essencial para apoiar pequenos negócios, como é o caso da África do Sul, onde várias instituições de microcrédito têm sido fundamentais no suporte a microempresas.
5. Economia Digital e Juventude Angolana
A juventude angolana, especialmente as gerações mais jovens, tem se mostrado cada vez mais inserida no mundo digital. Com um mercado jovem e crescente, Angola possui uma força de trabalho promissora, que, se bem capacitada, pode se tornar um motor de inovação.
No entanto, o acesso limitado à educação de qualidade e à capacitação tecnológica ainda é um grande desafio. Melhorar o acesso à internet de qualidade é fundamental, pois ela se tornou uma ferramenta importante de comunicação e comercialização, tanto dentro do país quanto internacionalmente.
Programas de capacitação em áreas como inteligência artificial, big data e desenvolvimento de software podem preparar a juventude angolana para liderar a transformação digital do país.
A criação de hubs tecnológicos e incubadoras de startups pode fomentar um ecossistema de inovação, atraindo investidores locais e estrangeiros. O governo deve criar um ambiente legal e regulatório favorável ao crescimento de empresas digitais. Em resumo, espera-se que 2025 seja um ano crucial para a evolução econômica de Angola.
O país enfrenta desafios significativos, como a diversificação econômica, a modernização das instituições e a criação de um ambiente de negócios favorável à inovação.
No entanto, também há grandes oportunidades para um futuro mais sustentável e próspero. Investir em setores como energias renováveis, inovação tecnológica, agricultura moderna e capacitação da juventude pode transformar a economia angolana e reduzir a dependência do petróleo.
Para alcançar essas metas, será necessário um compromisso contínuo com a reforma institucional, políticas públicas inclusivas e um ambiente de negócios dinâmico.
Se bem-sucedido, Angola poderá não apenas superar seus desafios, mas também se tornar um modelo de desenvolvimento econômico sustentável no continente africano.
Por: ANA CRISTINA DE SOUSA COSTA
*Consultora em finanças e contabilidade