O Governo angolano está a criar condições técnicas e regulatórias para garantir que os produtos agrícolas nacionais possam ser exportados para a China, informou hoje o ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos
As declarações foram feitas durante a assinatura de um memorando de entendimento entre o Ministério da Agricultura e Florestas (MINAGRIF) e a empresa chinesa CITIC Construction, visando o desenvolvimento de projectos agrícolas em larga escala no país.
“O acordo com a CITIC marca o início de uma nova etapa na nossa agricultura. Trata-se de uma oportunidade histórica para produzirmos em grande escala, atrairmos investimento e abrirmos mercados internacionais, em especial o asiático”, afirmou o ministro.
O memorando prevê a produção de culturas como soja e mandioca, com foco na exportação, tendo como prioridade o cumprimento rigoroso das exigências fitossanitárias definidas pelas autoridades chinesas. Isaac dos Anjos explicou que técnicos angolanos e representantes da embaixada de Angola na China estão a trabalhar em conjunto para alinhar as normas que permitirão o acesso dos produtos nacionais ao mercado chinês.
“Solicitámos previamente à parte chinesa a lista de exigências fitossanitárias. Só com boas práticas agrícolas e cumprimento das regras internacionais será possível garantir a continuidade das exportações”, destacou o ministro.
Segundo o governante, os acordos preveem a divisão da produção em 60% para exportação e 40% para consumo interno, permitindo que pequenos e médios produtores também se beneficiem do acesso ao mercado chinês.
Ainda esta semana, na quinta-feira, 24, segundo o ministro, um novo acordo deverá ser assinado com outra empresa chinesa, para iniciar projectos em seis províncias do país, abrangendo 30 mil hectares de terras aráveis, com início em duas províncias-piloto. A ideia é que consigamos ter um mercado de exportação de mais de 500 mil toneladas de produtos alimentares a partir de Angola.
“O que significa dizer que estamos abertos a outras empresas de outras latitudes e que o facto de abrirmos para a China não seja motivo de ciúmes. Temos muito chão, muita terra e estamos à espera de investidores”, finalizou dos Anjos.
Por outro lado, o director-geral da CITIC Construction em Angola, Fan Juntao, anunciou que a empresa prevê cultivar até 20 mil hectares já entre este e o próximo ano, com a meta de atingir 100 mil hectares em cinco anos. O investimento inicial está estimado em 250 milhões de dólares.
Fan Juntao esclareceu ainda que o financiamento será assegurado por um consórcio de fundos agrícolas chineses e que os primeiros cultivos serão de milho, com rendimento estimado em 8 toneladas por hectare, seguido da soja, com uma meta de até 5 toneladas por hectare.
Com estas iniciativas, o Executivo angolano pretende transformar a agricultura nacional num dos pilares de exportação e diversificação da economia, aproveitando o contexto geopolítico e os actuais desafios logísticos globais para posicionar Angola como fornecedor relevante de produtos agrícolas na região asiática.