No actual cenário de reformas fiscais e busca por diversificação económica em Angola, os benefícios fiscais despontam como uma ferramenta estratégica para estimular o investimento e fortalecer sectores-chave da economia. No entanto, é fundamental equilibrar a concessão desses incentivos com a sustentabilidade orçamental, garantindo que os benefícios realmente contribuam para o desenvolvimento sustentável do país. Os benefícios fiscais em Angola são uma estratégia para equilibrar o alívio tributário com a sustentabilidade orçamentária. Exploraremos a seguir alguns aspectos fundamentais que demonstram como os benefícios fiscais podem contribuir efectivamente para o crescimento económico e bem-estar social:
- O panorama fiscal angolano e os desafios actuais: Angola tem enfrentado o desafio de equilibrar a necessidade de arrecadação de receita com a realidade de um grande sector informal. Por exemplo, em muitas províncias, pequenos comerciantes e agricultores ainda operam sem registo formal, o que significa que o Estado precisa criar incentivos para a formalização. Um exemplo disso é a introdução de programas que oferecem reduções tributárias iniciais para que pequenos negócios se formalizam.
2. Benefícios fiscais existentes e seu enquadramento legal: A Lei do Investimento Privado em Angola, que está actualmente em vigor, é a Lei n.º 10/18, de 26 de junho, ela estabelece um quadro de incentivos para investidores que aplicam capital em sectores considerados proprietários ou em regiões específicas que o governo pretende desenvolver. Por exemplo, uma empresa que decide investir na agricultura em uma zona menos desenvolvida pode obter isenção de imposto sobre os lucros por alguns anos, incentivando assim o desenvolvimento regional e a diversificação da economia.
3. Riscos de um modelo desequilibrado de incentivos: Quando os benefícios fiscais não são bem monitorados, há o risco de que empresas recebam incentivos sem cumprir as contrapartidas prometidas. Por exemplo, pode ocorrer de uma empresa obter isenção fiscal para construir uma fábrica, mas não cumprir integralmente o plano de criação de empregos, resultando em menos benefícios para a comunidade.
4. Caminhos para um modelo mais eficaz e responsável: Para garantir que os incentivos fiscais realmente contribuam para o desenvolvimento, é essencial que eles estejam vinculados a metas claras e mensuráveis.
Um exemplo positivo seria a criação de incentivos condicionados à formação de mão de obra local, onde a empresa só mantém o benefício se comprovar que está investindo em capacitação e desenvolvimento sustentável.
Os benefícios fiscais, quando bem estruturados e monitorados, podem ser um motor importante para o desenvolvimento sustentável em Angola. O grande desafio é encontrar o equilíbrio entre o alívio tributário necessário para estimular o crescimento e a responsabilidade orçamental que garante a sustentabilidade das contas públicas.
Com transparência, critério e compromisso com o desenvolvimento, Angola pode transformar seus incentivos fiscais em verdadeiras alavancas de prosperidade. Dessa forma, o futuro da política fiscal angolana passa por um desenho inteligente de benefícios fiscais, alinhado com as necessidades reais do país e com uma visão a longo prazo.
O compromisso com a transparência, a avaliação contínua e o ajuste de políticas conforme necessário será essencial para garantir que os incentivos fiscais cumpram com o seu papel de promover um crescimento económico inclusivo e sustentável.
Com isso, Angola poderá não apenas atrair mais investimentos, mas também garantir que esses investimentos se traduzam em benefícios concretos para a sociedade.
Por:MARIA DE MOURA
- Especialista em Direito Fiscal









