Esse deve ser um dos maiores pronunciamentos de Jonas Savimbi em todos os momentos. Apesar de tudo quanto se disse ou se escreveu sobre o então líder da UNITA, há pontos em que se deve – ou se pode apontar a sua posição unanimemente angolana em todo o processo político militar.
Terá sido durante um comício na Huíla, antes mesmo do desaire que levou o país a uma guerra fractricida, em que perderam a vida milhares de angolanos na sequência dos resultados da primeira volta das eleições de 1992, que ouvimos um dos refrões em que, apesar das diferenças que possam existir, se deve colocar em primeiro lugar o angolano. Não importa se seja branco, preto ou mulato.
Do meu lado, acrescento que nem mesmo que seja alguém que tenha adquirido a nacionalidade angolana, não obstante qual seja o seu país de origem, deve ser tido como um angolano à semelhança de tantos outros, alguns dos quais nem mesmo terem visto aqui enterrado o seu cordão umbilical se mostram desejosos de que o país atinja posições de que nos devamos orgulhar. É por isso que qualquer angolano que atinja um lugar cimeiro numa organização internacional deva merecer de nós uma manifestação de regozijo.
Não importa a posição que possua, o facto de se estar a elevar o nome de Angola é condição bastante para que nos coloquemos em prontidão para se defender o nome do país e aquelas que são as suas aspirações. As alterações, não me refiro às climáticas, mas somente às geopolíticas, levam-nos a reflectir sobre os caminhos que o mundo vai seguindo, muito distante da razão ou daquilo que há alguns anos se via até como o mais razoável. Daí os países, mesmo que algumas vezes contrariados pelas vozes internas, busquem soluções que salvaguardem os vários interesses que levam a bom porto o interesse nacional.
Disse-me um dia um amigo que gostava dos Estados Unidos da América porque sabia que eles não se importavam de levar a guerra a um determinado país, desde que estivesse em causa um cidadão seu. Ou seja, para estes, uma vida americana ou talvez um interesse somente representava uma ameaça tal em que não se deve colocar de lado interesses de soberania. Angola não pode ser parte ausente destes interesses em relação aos seus cidadãos.
Nem estes devem colocar de parte as suas responsabilidades quanto àquilo que o país pretende do continente, das organizações internacionais em que está inserido, muito menos daquilo que directa ou necessariamente é defendido pelos seus principais responsáveis. Dizia o saudoso Presidente Dr. António Agostinho Neto que cada cidadão deve sentir-se necessariamente um soldado.
Mostrando, inequivocamente, que, apesar das diferenças, defender o país é uma missão de cada um. De igual modo, tempos depois, num contexto diferente – mas que deve ser aproveitado – Jonas Savimbi ressaltou que, em qualquer circunstância, se deve colocar em primeiro lugar o angolano. Não importava se fosse branco, preto, mulato ou albino. Um pensamento que exigiria entre os políticos que, antes de se debruçarem sobre algo, vissem para que lado se posicionam e os interesses que iriam atentar.