A WiConnect, startup que promove o acesso gratuito à internet em zonas com baixa conectividade, acaba de captar 2,5 milhões de dólares em financiamento por meio de notas convertíveis subscritas por investidores privados
O feito é particularmente expressivo num cenário em que, segundo dados de mercado, Angola atraiu menos de um milhão de dólares em capital de risco durante todo o ano de 2024.
Reconhecida pela plataforma internacional Seedstars como a empresa mais inovadora do país, a WiConnect consolida, assim, a sua reputação como referência tecnológica nacional.
Fundada em 2015 por dois empreendedores angolanos, a startup tem como missão reduzir o fosso digital em África, através da instalação de pontos de acesso wi-fi gratuitos em parceria com bancos, operadores de telecomunicações e instituições públicas, como o projecto Angola online.
Com presença em vários municípios e mais de três milhões de conexões registadas, a empresa já criou mais de 50 postos de trabalho directos, operando com um modelo de negócio sustentável que combina publicidade digital com análise de dados.
Segundo a empresa, o novo capital será aplicado na expansão da infraestrutura, de modo a garantir pelo menos um ponto de wi-fi gratuito em cada município angolano até 2027.
Parte dos fundos será igualmente destinada ao reforço de tesouraria, inovação tecnológica e alinhamento com o Plano Estratégico de Inclusão Digital de Angola 2023–2027. “Soluções africanas, criadas por africanos, para africanos.
Construímos hoje o continente onde queremos viver amanhã”, declarou o CEO da WiConnect, reiterando o compromisso da empresa com uma transformação digital inclusiva e sustentável.
Este movimento insere-se numa tendência crescente em África, onde startups captam capital para enfrentar desafios estruturais de forma escalável.
Embora países como Nigéria, Quénia e Egipto dominem o cenário de capital de risco, o sucesso da WiConnect destaca Angola como um novo polo emergente de inovação.
A empresa prepara já uma “Série A” para o final de 2025, visando fortalecer a sua capacidade operacional, e projecta uma Série B em 2027, com foco na expansão regional.
No longo prazo, ambiciona tornar-se uma das primeiras startups angolanas a entrar na BODIVA, reforçando a transparência e o acesso ao mercado de capitais nacional.
A operação contou com o apoio das consultoras 7Sábios (matéria fiscal e contabilística), manuelemanuel (assessoria jurídica) e PI Advisory (assessoria financeira), num sinal da crescente maturidade do ecossistema nacional de startups.
Mais do que uma vitória empresarial, este financiamento representa um marco estratégico para o ecossistema de inovação em Angola, validando modelos locais e sinalizando aos investidores internacionais que o país está pronto para atrair capital, talento e soluções escaláveis.