Em reacçãoaos números divulgados pelo Departamento de Estado norte-americano, os economistas entendem que este volume de negócios reforça a posição estratégica de Angola como plataforma logística e económica entre a África Austral e Central, alinhando-se aos objectivos delineados no OGE 2025, nomeadamente o reforço das infra-estruturas logísticas e a atracção de Investimento Estrangeiro Directo (IED)
O montante anunciado, segundo o economista Janísio Salomão, deve ser interpretado não apenas como capital de investimento, mas como catalisador para sectores não petrolíferos, especialmente agricultura, energias renováveis, logística, áreas identificadas nas políticas sectoriais do Executivo como prioritárias para 2025 e além.
“Este impulso está em consonância com os objectivos da Estratégia Fiscal 2025–2030, que preveem um alargamento da base produtiva e tributária por via da dinamização do sector privado, com forte enfoque em PPPs (Parcerias Público-Privadas) e incentivos fiscais para investidores estratégicos”, sublinha.
Janísio Salomão entende que a confiança demonstrada pelos investidores americanos é relevante no contexto da recente volatilidade das yields dos Eurobonds de Angola e da necessidade de financiamento externo, tendo sustentado que estes compromissos podem contribuir para uma percepção mais favorável do risco soberano angolano.
Apesar do optimismo, o interlocutor diz ser crucial assegurar que os acordos se traduzam efectivamente em projectos executados, com impacto tangível no emprego e produtividade.
“Deve ser prestada atenção à parceria win-win em que ambos os lados saem a ganhar neste tipo de parcerias. África e Angola não podem continuar a ser apenas o ponto de exportação de matéria-prima bruta, mas sim produtos acabados, de maneira que os subprodutos gerem emprego e riqueza localmente.
Ao concluir, Janísio Salomão realça que a cimeira não apenas projecta Angola no radar internacional como destino de investimentos, como também oferece uma oportunidade concreta de acelerar reformas estruturais e alavancar o crescimento inclusivo e sustentável.
Ganhos para o turismo
Eduardo Manuel, também economista, também faz balanço positivo da cimeira EUA-África, na medida em que consolidou projectos já existentes, como é o caso do Porto do Lobito e novos projectos, através da assinatura de memorando de entendimento entre as partes, para a obtenção de financiamento e para a partilha de conhecimento.
O interlocutor frisou que houve ganhos em todos os sectores, incluindo o sector do turismo, visto que muitos tiveram a oportunidade de conhecer Angola e outros tiveram a oportunidade de aprofundar mais o conhecimento sobre Angola. “Angola agora pode servir como pivô para outros países puderem ter melhor relação com os Estados Unidos.
E devemos realçar o papel que o Presidente João Lourenço e o Executivo tiveram para a angariação de financiamentos para os diversos sectores de actividade, como é o caso do sector dos transportes, energia, educação, entre outros”, disse.
Porém, Eduardo Manuel disse ser necessário que o Executivo deve adoptar medidas em coordenação com o BNA para a melhoria da performance das instituições públicas e do sistema financeiro, para que os investidores possam manter e aumentar o seu nível de confiança nas instituições públicas e no sistema financeiro angolano.
Deste modo, resume: “outros países também poderão beneficiar dos ganhos desta cimeira e posso citar os países de outros continentes que são parceiros de Angola, desde a proclamação da independência, como é o caso do Brasil.
As grandes potências mundiais, como o caso da China e da Rússia, poderão ver esta cimeira como uma oportunidade para fortalecerem as relações com Angola”.