Uma criança de cinco anos de idade viu seu corpo ser queimado com o ferro de engomar pela própria mãe; outra, de três anos de idade, foi queimada pelo padrasto, e a última, igualmente uma menor de 11 anos de idade, teve os membros superiores queimados e o corpo todo mordido pela tia, por esta não fazer bem o chá para o matabicho. Todos os casos de violência contra a criança foram reportados pelo Instituto Nacional da Criança (INAC) na semana passada e aconteceram em Luanda
No período de 21 a 27 de Junho, o INAC, através da linha de denúncias 15015 SOSCriança, recepcionou cerca de 422 denúncias de violência contra crianças em todo o país, com destaque para as províncias do Bié, Benguela, Cunene, Luanda, Malanje e Moxico.
Dos casos recepcionados, 107 são de fuga à paternidade e disputa de guarda, 61 de violência física e psicológica, 40 casos de trabalho infantil, 17 de abusos sexuais e outros.
Na província de Luanda, a equipa do SOS Criança recepcionou cerca de 102 denúncias nos seguintes municípios. Em Viana, destacou-se a denúncia de abuso sexual contra uma criança de 10 anos de idade, do sexo feminino.
De acordo com a denúncia, o acto foi praticado pelo tio da vítima, o indivíduo de 53 anos de idade, que convidou a sobrinha a passar férias em sua residência e lá consumou o abuso. No município do Kilamba, destacaram-se três denúncias.
Destas, duas são de abusos sexuais e uma de agressão física. Relativamente às denúncias de abuso sexual, as primeiras vítimas são duas crianças de 14 e 16 anos de idade, que têm sido recorrentemente abusadas pelo padrasto.
A criança de 16 anos engravidou aos 15 anos e foi obrigada pela mãe e pelo padrasto a fazer o aborto. A segunda denúncia, a vítima tem 7 anos de idade, também é do sexo feminino e, de acordo com a denúncia, o abuso tem sido recorrentemente praticado por um vizinho de 40 anos de idade, que tem aliciado a vítima com valores humanitários e também tem ameaçado de morte, caso esta conte do sucedido para alguém.
A terceira denúncia é de agressão física contra uma criança de 11 anos de idade, que foi queimada nos membros superiores e mordida no corpo todo pela tia com quem reside, por alegadamente a criança ter feito mal o chá para o matabicho da tia.
No município do Cazenga, destacamos a denúncia de violência física contra uma criança de três anos de idade. De acordo com a denúncia, a criança foi vítima de queimaduras graves nos membros superiores pelo padrasto, por alegadamente ter comido a refeição que era reservada para o padrasto.
Na Maianga, foi destaque a denúncia de agressão física contra uma criança de cinco anos de idade que viu seu corpo ser queimado na totalidade com um ferro de engomar pela própria mãe.
De acordo com a denúncia, trata-se de uma prática recorrente. Na província do Moxico, foram reportadas cinco denúncias, com destaque para duas de abusos sexuais ocorridos no município sede, cujas vítimas têm 8 e 16 anos de idade. A vítima de 16 anos de idade foi surpreendida quando saía da escola sob ameaças com uma arma branca.
O agressor consumou o acto até o momento e mesmo se encontra foragido. Já a criança de 8 anos de idade tem sido recorrentemente abusada por um vizinho adulto em troca de guloseimas. O agressor também se encontra foragido.
Na província de Benguela, registaram-se 41 denúncias, com destaque para duas de abusos sexuais ocorridos no município do Lobito. As vítimas são duas crianças de 13 e 17 anos de idade, ambas do sexo feminino.
De acordo com as denúncias, os agressores têm 42 e 18 anos de idade, respectivamente, e estão os dois já detidos. Segundo a porta-voz do INAC, Rosalina Domingos, todos os casos foram encaminhados aos comandos municipais e provinciais da Polícia Nacional, às direções municipais e provinciais da Acção Social e aos serviços provinciais do INAC.
Em caso de violência contra a criança, denuncie para o 15015. A chamada é anónima, gratuita e confidencial, podendo também acessar o site portal da crianca.gov. ao ou ainda enviar mensagens pelo WhatsApp através do número 945 17 79 73.