Ilustre coordenador do jornal OPAÍS, saudações a todos os trabalhadores desta casa de imprensa. Num contexto em que a ajuda oficial ao desenvolvimento está em queda com cortes superiores a 80% nos programas da USAID e previsões de diminuição de 9a17% no ODA em 2025, a cimeira surge como resposta para deter esse declínio e estabilizar os compromissos internacionais.
A ausência significativa dos EUA, devido a divergências sobre o aumento do empréstimo multilateral e a linguagem de género no texto, criou um desafio político substancial.
A cerimónia de abertura contou com a presença do Rei FelipeVI de Espanha, sublinhando a necessidade de um “novo roteiro baseado em resultados concretos, tangíveis e alcançáveis”, num momento em que a cooperação internacional se encontra tensionada.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou à reconstrução da confiança global e destacou que “o financiamento é o motor do desenvolvimento”, embora actualmente esse motor esteja a falhar.
O acordo central da cimeira, conhecido como “Compromisso de Sevilha” ou “Sevilla Commitment”, propõe medidas estruturais como o triplicar da capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais, a introdução de cláusulas de suspensão de pagamento para países vulneráveis, a mobilização de Direitos Especiais de Saque (SDRs) no FMI e esforços para reforçar as receitas fiscais nos países em desenvolvimento.
Contudo, muitos analistas consideram essas medidas aquém do necessário frente à dimensão da crise de financiamento. Para o nosso país e outras nações africanas, a cimeira representa uma oportunidade única para reequilibrar a arquitectura financeira internacional.
O Presidente João Lourenço, enquanto líder da União Africana, está presente para defender um alívio da dívida, acesso a mecanismos de financiamento mais adequados e maior protagonismo africano.
António Silva
Luanda, São Paulo