A Fundação Kissama, em parceria com o Instituto Nacional da Biodiversidade e Áreas de Conservação (INBAC), realiza no próximo dia 2 de Julho, em Luanda, um ‘Workshop de Alinhamento e Debate sobre o Estado e Conservação dos Elefantes-da-Floresta’, uma espécie animal em estado crítico de ameaça.
O evento insere-se no âmbito do Projecto Nzau de Conservação dos Elefantes-da-Floresta (Loxodonta cyclotis), em curso desde 2019, e pretende reunir especialistas, académicos, autoridades ambientais e representantes da sociedade civil com vista a partilhar experiências e traçar estratégias de protecção da espécie.
Ao longo do workshop serão apresentados os principais resultados do Projecto Nzau, que incluem mais de mil imagens recolhidas através câmaras-armadilha, uma análise genética de cerca de 100 amostras biológicas, campanhas de sensibilização junto das comunidades locais e a criação de uma rede nacional de monitorização da presença de elefantes.
O evento vai contar ainda com uma apresentação sobre o conflito homem-elefante em Moçambique, além de uma análise aprofundada sobre as perspectivas nacionais de conservação desta espécie animal.
Para o período 2025-2026, o Projecto Nzau prevê realizar acções como a criação de um programa de “guardiões dos elefantes”, propostas para as novas áreas de conservação, colocação de coleiras GPS para seguimento remoto dos animais, fomento à investigação científica e produção de materiais de educação ambiental.
Uma espécie em alto risco
Angola alberga duas espécies de elefantes africanos, nomeadamente o elefante-da-savana (Loxodonta africana) e o elefante-da-floresta (Loxodonta cyclotis) – sendo um dos poucos países africanos com esta dupla presença. Os elefantes-da-floresta, com distribuição nas províncias de Cabinda, Bengo, Uíge e Cuanza-Norte, representam a população mais a sul da espécie em África, o que lhes confere uma importância biológica singular.
A espécie está classificada como “Em Perigo Crítico” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Já o elefante-da-savana, presente sobretudo nas províncias do Cuando, Cubango e Huíla, encontra-se na categoria de “Em Perigo”.
Conforme a Lista Vermelha de Espécies de Angola (2018), ambas as espécies estão consideradas “Vulneráveis”, e enfrentam ameaças como destruição de habitats, caça furtiva, tráfico de marfim, fraca aplicação da lei ambiental e conflitos com as comunidades locais devido à insegurança alimentar e ordenamento territorial inadequado.
Fundada em 1995, a Fundação Kissama dedica-se à conservação da biodiversidade angolana, e desenvolve projectos de protecção, investigação e educação ambiental por todo o país.