O mundo tem testemunhado nos últimos dias o que tem estado acontecer no Médio Oriente entre Isarel-EUA e Irão, o que nos parece ser um padrão repetitivo da conduta dos EUA no Médio Oriente que vai variando em 10 em 10 anos, ou seja, a opção é América a bem ou a mal, afastando a todo custo qualquer uma outra potência na região.
O Irão que já sofre quase 46 anos de sanções económicas(desde 1979) não será capaz de sustentar a escalada de uma guerra que lhe estar ser imposta, onde a saída diplomática é para lhe vergarem porquê para os EUA, o P5 +1, está fora de questão.
Os mais sensíveis não querem que o Irão se torne o próximo Iraque, os EUA têm aproximadamente 13 mil tropas em bases militares sediadas no Médio Oriente. Em 2024, os EUA fizeram movimentação da 5ª frota Naval, grupo de ataque de Porta-Aviões USS Abraham Lincoln equipado com caças furtivos F-35C Lightning II, e o submarino de mísseis balísticos USS Georgia para a região do Comando Central com pretexto de defender Isarel que estava ser atacado. Vale lembrar ainda, que GrãBretanha tem 1.000 soldados estacionados em Omã, onde o GCHQ opera três postos de vigilância.
Entre eles, um na costa sul, perto da cidade de Salalah, a 120 quilómetros do Yemen. Toda esta presença militar na região tem duas grandes finalidades: 1- Garantir segurança e sobrevivência de Isarel; 2- Controlo das principais rotas marítimas na região e garantir a livre circulação dos fluxos de petróleo e gás; 3- Evitar o surgimento de uma potência regional que não seja aliada dos EUA a par de Isarel.
O Irão vai fazendo ataques contra Isarel e alvos militares dos EUA na região, mas estratégicamente tem noção de que devem ser ataques limitados porquê não tem capacidade de aguentar por muito tempo uma guerra com os EUA, aliás o uso recente do B2 no solo iraniano é a prova do que são capazes de fazer. Bloquear o estreito de Ormuz, é sinónimo de convidar outros actores envolverem- se na guerra, aliás a história prova-nos com o que aconteceu em 1956 quando Nasser do Egipto tentou nacionalizar o canal do Suez, a conhecida “crise do Suez”. e qual foi atitude dos ingleses e franceses.
Tanto Isarel como os EUA, defendem a queda do regime iraniano, mais uma vez história lembra-nos o que aconteceu em 1989 quando os EUA invadiram o Panamá sob o pretexto de salvaguardar o tratado que assegurava a circulação dos EUA no canal de Panamá, mas posteriormente verificou-se que o objectivo era tirar Noriega do poder e acabar com regime.
E os russos vão apoiar ? Estavam em silêncio, depois pronunciaram-se dizendo que estavam dispostos a oferecer apoio diplomático, posteriormente disseram que dariam apoio mas dependendo o que os Iranianos querem😏 🤷.
É caso para dizer que nesta altura não lhes interessa entrar num conflito que custaria muito para Rússia, em termos de recursos bélicos e económicos, aliás os russos deixaram cair Bashar al-Assad, e não só têm tem a Ucrânia por resolver.
Hazzbola fragilizado no norte(Libano) de Isarel, Hamas fragilizado no sul (Gaza) houtis fragilizados no Yemen, Síria fragilizada e tem um novo governo que não quer confusões, Iraque fragilizado, guerra contra o Irão onde provavelmente se causou muitos danos nas infra-estruturas nucleares. Quem é será o próximo? R: Ainda continua ser o Irão.
Qual é o próximo território inimigo? R: Turquia, Benjamin Netanyahu e Erdögan ambos detestam-se, primeiro por causa situação dos palestinos, Erdögan sempre assumiu uma postura anti-Israel e com essa postura internamente beneficiou- se da simpatia nos círculos islâmico turco.
Aos olhos de Netanyahu Erdögan é um sem moral pelo facto do mesmo andar a bombardear os Kurdos, um outro caso é o incidente da flotilha da paz em 2010, quando activistas pro-palestina que se faziam transporta por uma navio turco pretendia romper o bloquei naval israelita para oferecer ajuda humanitária à Gaza e depois a resposta de Isarel foi considerada desproporcional quando os activistas só tinham facas e bastões.😏 Isarel anda preocupado com regime de Ankara e de olhos no programa nuclear turco a ser desenvolvido em Akkuyu com investimento russo(Rosatom).
Poderá Isarel eventualmente atacar a Turquia? Provavelmente não, porque a Turquia é membro da NATO(ver artigo 5º sobre agressão de um membro da NATO). O que Isarel tem estado a fazer até então é um exercício sério de espionagem(humint) recrutar pessoas dentro do território turco que trabalham para Mossad e Shinbet.
Razão pela qual a título de resposta em 2024 a Turquia levou a cabo uma operação de contra-inteligência no seu território onde prendeu mais de 30 pessoas e alegava-se que estavam ao serviço de Isarel.
É isso que o Irão não tem conseguido fazer, permitindo operações cirúrgicas de Israel dentro do seu território aliás Isarel faz isso de uma forma formidável em todos países vizinhos, recrutando mesmo até palestinos.
Portanto, parece me que o grande desejo de Netanyahu está se cumprir, destruir o potencial estratégico das proxis iranianas junto as suas fronteiras e sabotar o programa nuclear iraniano, a fim de conseguir uma estabilidade relativa nos próximos 10 ou 15 anos, depois voltar aproximar-se dos árabe “moderados” numa tentativa de salvar os acordos Abraham.
O Irão deve evitar cair nas armadilhas de Isarel, evitar uma escalada do conflito para atingir o seu grande objectivo(nuclear) A Europa teme que haja uma escalada do conflito por causa dos sérios problemas energéticos que já enfrenta resultantes da guerra Rússia-Ucrânia.
Por outra, Irão em chama, teriam novamente de lidar com uma onda de refugiados vindo do Médio Oriente( experiência na guerra da Síria 2015) e num futuro brevíssimo lidar com ataques terroristas perpetrados por radicais descontentes com o que está acontecer no Médio Oriente.
Por: TIAGO QUISSUA ARMANDO
Especialista em Relações Internacionais