Perguntava-me alguém, ontem, se não era possível regressarmos aos anos dourados da economia angolana em que o país crescia a dois dígitos. Voltar aos tempos em que a taxa de câmbio cifrava-se em 10 mil kwanzas e os bens de primeira necessidade praticamente acessíveis. Não se trata da primeira pessoa que me fez este tipo de abordagem.
Há, em muitos, a vã ilusão de que basta somente um toque de Midas para que se recue uns anos em que tudo parecia ser mais acessível sem que não sejamos nós mesmos os artífices de tal processo.
Distantes dos tempos em que o preço do petróleo, até então nosso principal produto de exportação, Angola vive um momento delicado da sua economia, cuja tábua de salvação reside da diversificação da economia, que ainda caminha a passos tímidos. Distante ainda dos resultados que poderiam colocar o país numa rota de crescimento invejável.
Sem muito nos cofres que pudesse mudar o quadro económico com políticas credíveis, a saudade dos tempos do câmbio de 10 mil nos remetem igualmente para uma acumulação primitiva de capital que bafejou uns tantos sortudos, muitos dos quais não mais fizeram do que exportar as divisas que hoje reclamam e imputam responsabilidades unicamente ao Executivo pela sua carência.
Não tem havido a esperada diversificação, que faria com que surgissem inúmeros investimentos e, consequentemente, postos de trabalho, os resultados nefastos ainda sem fazem sentir nos dias de hoje.
A existência de um número significativo de jovens desempregados, com cifras que vão rondando os 30 por cento. Infelizmente. Há quem acredite que asolução passe pela aposta no campo. Na agricultura.
Outros têm também suas narrativas, mas o busílis da questão tem sido os financiamentos, principalmente para jovens, muitos dos quais desconfiam da banca, apesar dos incentivos dados pelo Executivo.
Por estes dias, a questão da empregabilidade e a diversificação da economia voltaram à baila. Em causa, estão 250 milhões de dólares que estarão já à disposição do Executivo para o fomento de postos de trabalho.
Acredito que a esta hora o Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social, por exemplo, tenha noção exacta de que áreas tendem a absorver mais mão-de-obra.
Sem desprimor para muitas, que também devem merecer a atenção, não seria nenhum mal se se olhasse para projectos que permitiriam mitigar rapidamente a peste do desemprego.
Longe da oferta de meios, alguns dos quais necessários, é importante que se olhe para casos concretos de exemplos bem-sucedidos que poderiam galvanizar outros. Afinal, a luta é comum.