O Presidente da República, João Lourenço, rendeu, neste domingo, homenagem ao nacionalista Brito António Sozinho, falecido terça-feira última, em Lisboa (Portugal), aos 84 anos de idade, vítima de doença
No Livro de Condolências, o Chefe de Estado angolano escreveu: “Foi com profundo sentimento de pesar que tomei conhecimento do falecimento do nacionalista Brito Sozinho, cuja trajectória de vida é um exemplo de dedicação e entrega à causa da pátria angolana”.
João Lourenço destacou a particularidade de, ainda muito jovem, Brito Sozinho ter abandonado o país para se juntar a quem no exterior desenvolvia actividades a favor da luta de libertação nacional do jugo colonial.
O falecido, que foi hoje a enterrar, desenvolveu, após a independência de Angola, em 11 de Novembro de 1975, uma activa carreira diplomática, tendo sido embaixador em vários países africanos e da Europa, detalhe que também mereceu o destaque do Presidente da República, que terminou por expressar os mais profundos sentimentos de pesar a toda a família enlutada e a todos os seus amigos e companheiros de jornada nas várias frentes em que actuou.
Por sua vez, a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, realçou que, além de embaixador e homem de cultura, Brito Sozinho foi um “acérrimo” defensor dos direitos e mais profundos anseios do povo angolano.
Os restos mortais do nacionalista Brito António Sozinho chegaram sábado a Luanda. Brito António Sozinho, também conhecido pelo nome de guerra Longa Marcha, nasceu em Luanda, em Abril 1941, foi músico, político e diplomata.
O seu envolvimento com o nacionalismo angolano iniciou aos 18 anos, em 1959, pelo Clube Desportivo Ginásio, fundado por ele e outros camaradas seus, nomeadamente, Balduíno Silva, Mário Santiago, Bea Santiago, Faísca, Manuel da Conceição Neto, Pedro Van-Dúnem Loy e José Eduardo dos Santos.
O Ginásio era um grupo de estratégia de massas do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para formação política e difusão cultural entre a juventude e servir como elemento de contraespionagem para descobrir informantes do regime salazarista que actuavam na periferia de Luanda.
Em Novembro de 1961, a bordo do navio Zaire, abandona Angola e se vai juntar à guerrilha que se encontrava no exílio no Congo Kinshasa. Um ano depois, outros nacionalistas rumam para antiga União Soviética, para dar prosseguimento aos seus estudos, na altura com o 5.º ano do Liceu.
Durante dois anos, frequenta o curso médio agrário, da nata de bolseiros enviados para aquele país europeu, pelo MPLA, já liderado por Agostinho Neto, entre os quais se destacam José Eduardo dos Santos, Pedro Van-Dúnem Loy, Mário Santiago, Maria Mambo Café, Amélia Mingas, Brito Sozinho, Ana Wilson, entre outros, que formaram o “Conjunto musical Nzaji”.
De regresso ao exílio, teve passagem pelo Congo Brazzaville e pela Tanzânia, onde teve engajamento activo em actividades de várias índole do MPLA nestes países africanos e daí é indicado por Agostinho Neto para representante do MPLA em Conacri, função que exerceu até 1975, altura da proclamação da independência nacional.
No primeiro Governo da então criada República Popular de Angola, é nomeado como o primeiro director do Protocolo de Estado do Ministério das Relações Exteriores, no tempo em que esta pasta era dirigida por José Eduardo dos Santos.
Diplomacia
Após a independência nacional, tornou-se o primeiro Chefe do Protocolo de Estado e, posteriormente, teve passagem como director da África e Médio Oriente e Recursos Humanos do Ministério das Relações Exteriores (MIREX).
Como embaixador extraordinário e plenipotenciário foi chefe de Missão Diplomática na Nigéria (1987-2000), Tanzânia (2000- 2006), Guiné Bissau (2006-2011), Suécia (2011-2014) e Moçambique (2014-2019).
