A vice-governadora para o Sector Político, Económico e Social, Cátia Cachuco, admitiu, recentemente, dificuldade das autoridades em relação à retirada de crianças na rua, mas bispo de Benguela diz que não se trata de uma «missão impossível» e basta apenas que haja manifestação de vontade do Governo. Lembra de trabalhos notáveis de instituições como a Casa do Gaiato e a dos Rapazes, ambas ligadas à Igreja Católica
O Governo de Benguela deixou evidente que está a enfrentar muitas dificuldades na recolha de crianças de e na rua, tendo a vice-governadora dado conta de um programa, que foi sujeito à análise, que visa conferir um ambiente de ressocialização para os petizes.
Falando à imprensa, à margem da inauguração de um complexo escolar, no Lobito, Cátia Cachuco afirmou que, apesar de apoios de parceiros, o assunto relativo às crianças ainda é bastante complexo, porque, segundo sublinhou, sugere mudanças de comportamentos.
Cachuco justifica a complexidade com o facto de grande parte delas estarem muito tempo fora das famílias e, por isso, considera não ser tarefa fácil confinar as crianças a um espaço fechado. «Isso requer a intervenção multidisciplinar de todos actores”, vincou a governante.
Na perspectiva da vice-governadora, mais do que conferir a elas (às crianças) um lugar para dormir e comer, sugere-se um trabalho apurado para construir um ambiente salutar.
Por sua vez, o bispo da Diocese de Benguela, Dom António Jaka, afirma que o fenómeno de crianças de/na rua é alimentado pela situação de fome por que muitas famílias passam, daí ele ser apologista de que os ricos destinem parte considerável do que ganham aos pobres.
Entretanto, por ora, o que o preocupa mesmo o prelado católico são aquelas crianças arrastadas para a vida de prostituição, por alegada falta de recursos dos próprios pais. “As crianças devem merecer de todos nós o acolhimento, apoio. Devem ser sustentadas e acarinhadas.
Portanto, a situação de pobreza que afecta as famílias leva muitas crianças à rua”, frisou, ao considerar ser um desafio muito grande, mas não impossível.
Ao contrário do que diz o Governo no que se refere a dificuldade para sua resolução, Jaka não vê impossibilidade para se retirar as crianças. Para sustentar a sua tese, o bispo católico lembra da existência de muitas instituições, em Benguela, que se dedicam ao cuidado de crianças, nomeadamente a Casa do Gaiato e a dos Rapazes.
“É um fenómeno que não é de hoje”, lembra Dom António Jaka. Dom António Jaka sugere ao Governo que tenha essas casas a que aludiu como modelo para um programa difícil de implementar, porquanto há muitos anos que se ocupam desse tipo de empreitada.
“Sempre tivemos casa para criança abandonada, sem o apoio dos seus pais. É complexo, mas não quer dizer impossível. Devemos deixar de dar assistência e sermos criativos, porque as coisas são complexas”, considera.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela