Foi em Março deste ano que se inaugurou a nova circular de Saurimo. E uma das imagens que ficou durante o acto foi a Presidente da República, João Lourenço, a conduzir a viatura em que se fizera transportar. Uma acção que, como sempre, acabou também por gerar várias interpretações se foi uma atitude ideal ou não.
Naquele dia, depois de ter lido muitas opiniões a respeito, sobretudo dos críticos, comentei com alguém que não se estava a olhar para o principal feito daquela ocasião: a nova circular de Saurimo, uma estrada que vai desafogar o trânsito no centro da província da Lunda-Sul, diminuindo os acidentes e, principalmente, as vítimas mortais por conta da sinistralidade rodoviária.
Mas, a nova infra-estrutura – como já se previa – é muito mais do que isso. Só que, infelizmente, mais do que as oportunidades que nos são dadas a segurar, o tempo vai mostrando que nós, os angolanos, nos vamos especializando em críticas, algumas até balofas, enquanto outros cidadãos vindo de latitudes diferentes acabam por aproveitá-las.
Aberta ao trânsito, como se pode observar agora, além de ter facilitado a circulação de pessoas e bens, aquele troço de mais de 20 quilómetros abre também uma série de oportunidades de investimento para suprir necessidades que já começam a ser sentidas por quem utiliza.
Ontem, durante uma reportagem da Televisão Pública de Angola, muitos automobilistas, que elogiaram o facto de se ter construído a via, mostraram-se já agastados por causa da falta de serviços.
E muitos deles apelaram aos empresários locais a investirem, por forma a tornar a viagem nesta nova estrada mais confortável. Um alto responsável local afirmou mesmo, em jeito de brincadeira, mas com importante relevância, que o Executivo já havia feito a sua parte, ou seja, estão abertas as portas para os privados.
Certamente, alguns se terão apercebido do chamado e vão arregaçar as mangas, mas outros nem se terão dado conta da grande oportunidade que se abre aos seus olhos. Sempre que posso, leio, escuto e assisto muitos programas que versam sobre pequenos e grandes negócios.
Por sinal, áreas em que muitos dos países mais desenvolvidos apostam, com empreendedores singulares, mas que acabam, no final, por serem os principais impulsionadores das suas economias.
Com invenções e serviços que acabam por gerar largos milhares ou milhões de dólares ou euros. O apelo de ontem poderá ser, para muitos jovens daquela localidade ou de outras, uma verdadeira chance até mesmo para fugir dos altos níveis de desemprego em que o país ainda se encontra mergulhado.
Há aí espaço para restaurantes, postos de combustível, recauchutagem, estação de serviço e tantos outros pequenos e necessários investimentos cujo retorno é sempre quase certo.
É provável que muitos tenham também visto –e nem por isso se mostrem interessados por razões várias. Mas não nos surpreendamos se depois muitos deles aparecerem praguejando o Executivo se estas oportunidades forem prontamente agarradas por cidadãos estrangeiros.