Naquele dia, há vários anos, através de um telefonema, o malogrado ambientalista João Seródio manifestou a vontade de escrever um texto de opinião cujo tema desconhecíamos completamente. Quando o recebemos, o autor se debruçava sobre um acontecimento que iria ocorrer em Cazombo, agora Moxico Leste, depois da divisão político-administrativa que aconteceria mais cedo ou mais tarde.
Na época, embora houvesse alguns sentimentos fa- voráveis e outros desfavoráveis, João Seródio narrou a presença de entidades públicas e privadas num certo local em que se iria tratar do futuro da nova província, que viria da divisão do Moxico, até então uma das maiores do país. Infelizmente, o professor universitário perdeu a vida antes de se ter concretizado, anos depois, a ansiada nova divisão política e administrativa, que no ano passado viu nascer as províncias de Icolo e Bengo, Cubango e Moxico Leste. As duas últimas originárias da repartição nas províncias do Cuando Cubango e do Moxico.
Na última sexta-feira, 6 de Junho, o Presidente da República, João Lourenço, visitou a província do Moxico Leste, por sinal uma região que bem conhece, uma vez que foi durante alguns anos comissário político da localidade hoje repartida. Ao vê-lo discursar, abordando as razões da divisão político-administrativa, pareceu que já tivesse visto tal acontecimento alguma vez antes mesmo daquele acto político.
O ‘dèjá vu’ estava, afinal, associado ao que escrevera antes o professor, justificando as razões que obrigavam a que se repartisse algumas províncias do país, realçando que este facto seria catalisador para o desenvolvimento destas localidades que estão muito distantes dos centros de decisão.
Foi como se já tivesse visto tal cena. O alto responsá- vel anunciando os projectos em curso, explicando por que se dividiu a área e mencionando, inclusive, os inconformados que ainda barafustam por se ter avançado com a divisão do Moxico e Cuando Cubango.
A verdade é que o processo já faz parte do passado, esperando-se agora que os motivos tenham sido os positivos e que as populações locais possam brevemente ver satisfeitas as suas exigências. Para já, ainda este ano, Moxico Leste verá o surgimento de inúmeras infra-estruturas sociais, entre escolas, hospitais, residências para técnicos que habitam – ou habitarão – na localidade, assim como estradas que possam permitir a locomoção dos cidadãos locais.
Entre estas, segundo explicou o próprio Presidente da República, João Lourenço, está a que liga o Cazombo às principais localidades para impulsionar a circulação de pessoas e bens. Era visível no rosto dos cidadãos do Moxico Leste o sentimento de alegria depois do anúncio dos projectos em curso.
Acreditamos que o ambiente, por esta altura, ainda seja de festa, porque acreditam piamente que dias melhores virão para aquela zona, uma das menos desenvolvidas do país, apesar das enormes riquezas no seu solo. Agora, compete ao Executivo cumprir com as promessas feitas para o gáudio dos habitantes da nova província.