Quantas vezes você já ouviu ou disse esta frase dentro do local que você trabalha?
Geralmente, quando as coisas correm mal dentro do universo corporativo, os trabalhadores em geral tendem a responsabilizar o sector de Recursos Humanos sobre as suas frustrações, quando muitas das vezes tratamse de problemas organizacionais, falhas administrativas ou decisões problemáticas dentro de uma organização.
Muitas vezes, a frase “A culpa é do RH” é usada de forma sarcástica porque as pessoas não entendem o quão problemático soa quando algo dá errado e ninguém quer assumir a responsabilidade real, mesmo dita em tom de brincadeira, essa expressão revela uma percepção distorcida e por vezes injusta sobre o papel do sector de Recursos Humanos nas organizações.
Mas será que a culpa é mesmo do RH?
O Papel dos Recursos Humanos vai muito além da folha de pagamento O RH está longe de ser o sector que cuida apenas de contratações, demissões e folhas de pagamentos, nos dias de hoje, em organizações em que as pessoas são vistas como capital e não tão-somente como recursos, este sector é responsável por estratégias cruciais como: •Gestão de Talentos •Desenvolvimento Organizacional.

• Planeamento de Sucessão
• Clima e Cultura Organizacional
• Saúde e bem-estar dos colaboradores
• Mediação de Conflitos Ainda assim, quando há um erro de comunicação interna, uma decisão imprópria ou uma política mal compreendida, o RH costuma ser o primeiro ou o único a ser apontado como culpado.
O RH muitas vezes é usado como bode expiatório da gestão Muitas decisões atribuídas ao RH não nascem dentro do sector. Alterações salariais, cortes ou contratação de pessoas, reestruturação da organização e benefícios, em grande parte, são definidos pelos conselhos de administração ou unilateralmente pelo sector financeiro em algumas empresas.
O papel do RH nestes casos torna-se o de executar e comunicar tais medidas, o que o torna, injustamente, o mensageiro da má notícia. Este entendimento é agravado quando o RH não tem autonomia estratégica, não se posiciona ou não consegue se posicionar com firmeza frente às lideranças. Um RH reactivo, que apenas segue ordens, acaba reforçando a ideia de que “é o culpado de tudo”.
A comunicação
Boa parte da imagem do RH depende da qualidade da comunicação interna. A forma como as políticas são apresentadas, como os feedbacks são conduzidos e como as lideranças são treinadas para lidar com suas equipes influencia directamente a confiança que os colaboradores têm no sector. Um RH que se comunica com clareza, empatia e transparência consegue construir uma relação de confiança, evitando ruídos e boatos que alimentam a culpabilização.
Se o RH de qualquer instituição quiser deixar de ser o vilão ou vítima da empresa, precisa se reposicionar. Isso passa por:
• Participar activamente das decisões estratégicas
• Ter voz activa • Formar lideranças conscientes e humanas
• Adoptar uma postura consultiva, e não apenas operacional
• Ser agente de cultura e transformação Dizer que “a culpa é do RH” é ignorar a complexidade das organizações e a multiplicidade de factores que influenciam as decisões corporativas.
É hora de abandonar esse discurso e reconhecer o RH como o parceiro estratégico que é ou, ao menos, que deveria ser.
A culpa, no fim das contas, não é do RH. É da cultura organizacional que insiste em apontar dedos em vez de buscar soluções.
Por: Yona Soares
Advogada e Gestora de Recursos Humanos