Quem ama tem que necessariamente odiar. Bom, sei parece meio maluco, todavia afirmamos que tal como na crucificação de Cristo, temos deixado solto o verdadeiro ladrão e apontado as nossas armas para o coitado ódio que é igualmente um sentimento inocente das tragédias humanas.
Partindo para o conceito, no ponto de vista Farlex (2025), o ódio seria o sentimento de antipatia e aversão, que pode ser manifesto pelo rancor, irá profunda, horror ou sentimento de repulsão. Neste caso, vê-se que a função do ódio é repelir, afastar, ter aversão e antipatia por alguém ou por alguma coisa.
E o que seria o amar? Bom, o mesmo autor, Farlex (2025), com gesto feliz, aponta que amar é “gostar muito de alguém ou de algo”, ou seja, “desejar, acolher, apreciar intensamente e preferir.
”Para o Neurocientista Pedro Calabrez (2019), o amor está muito ligado a produção de oxitoxina e vasoprexina que são substâncias hormonais do apego, de querer ter sempre algo ou alguém por perto e querer que nunca acaba.
Assim, como se vê, quando amamos agente acaba tendo necessariamente ódio ou repúdio de algo ou alguma coisa. Mas como? Perguntariam vocês. Consideremos com atenção: quando se ama alguém, se odeia estar distante dele, temos aversão de vê-los magoados ou magoá-los, criamos rancor e até ira com as coisas ou com as pessoas que tencionam nos separar-nos disso.
De modo geral, é impossível amar sem odiar qualquer que for a tendência que tende a contrariar o bem daquilo que gostamos. O ódio não é necessariamente um sentimento criado, Calabrez (2019), chama estes tipos de sentimentos como “estímulos autónomos reflexivos produzido por nossa resposta biocom putacional”, ou seja, aqueles que são causados por contextos ou implicados por um determinado facto.
Assim, é sempre o sentimento de desconforto, de insegurança, de sentir que perderemos determinados privilégios de alguém ou de coisamos que gostamos que dão origem aos ódios.
Assim, é por gostar intensamente, por querer ver e ter sempre o bem daquilo que gostamos – em suma, por amar – que a gente acaba odiando. Nesta ordem de ideia, precisamos aceitar que, se de facto Deus é amor, então ele é o que mais de veria odiar.
E faz sentido, pois sua ira na visão cristã é expressada como fumaça que não pára, fogo que não apaga, cálice plenamente cheio que se derrama e vários outros simbolismos. Lógico, se Deus amou “o homem de tal maneira”, Ele precisa odiar igualmente tudo o que o faça mal também de “tal maneira.”
Assim, o odeio é nesta linha de ideia, um sentimento positivo por provir de um coração que tem apreço, que gosta, que quer ter, que deseja que algo ou alguém fique seguro.
Portanto, quem deveria ser crucificados pelos humanos seriam os egoísmos, os orgulhos, as invejas, que embora sejam muitas vezes confundidos com o ódio, são sentimentos plenamente opostos e que em todos os graus atropelam o convívio e a harmonia social.
Não confundamos, do mesmo modo que o amor pode ser um que seja muito possessivo, egoísta, e orgulhoso, e nem por isso faremos do amor um sentimento repudiável, o ódio pode ser também de orgulho, e de inveja de egoísmo, mas isso não torna necessariamente este sentimento negativo, mas sim a pessoa que o usa. Enfim, sem mais conversa, conclui-se que: Odiar é a Melhor e Mais Viva Demonstração de Amor, ou, dito de outro modo, quem ama tem que necessariamente odiar.
Por: SAMPAIO HERCULANO