O encontro do Presidente da República, João Lourenço, com o maior líder da oposição reforça a importância da cooperação entre os diferentes órgãos dentro do nosso sistema político.
O fundamento republicano da separação de poderes entre os órgãos de soberania não anula a harmonia entre as forças vitais que fortalecem a nossa democracia. Apesar de cumprirem funções independentes, os poderes podem, naturalmente, estabelecer uma relação de cooperação.
Com efeito, o valor da democracia reside, em parte, na capacidade dos atores políticos construírem pontes de diálogo e de consensos. Foi isso que o encontro entre o Presidente da República e o líder da oposição revelou.
A necessidade de cooperação e harmonia é, sobretudo, uma responsabilidade dos partidos políticos para a viabilidade governativa. Os interesses da nação estão acima dos interesses partidários.
O Presidente João Lourenço, na qualidade de Titular do Poder Executivo e Chefe de Estado, merece o respeito e apoio de todos os angolanos. A relevância do diálogo institucional veio à tona em momento politicamente peculiar.
A nota dominante do encontro entre o Presidente da República e o líder da oposição é a redução da narrativa anti-institucional. O discurso do líder da oposição aponta para a direção do respeito e valorização das instituições.
As acções que visam à resolução dos problemas dos cidadãos, mormente as movidas pelo Executivo, impelem à participação e contribuição de todos. Mas, para isso, é imprescindível que os interlocutores validem os discursos na base da cordialidade e do respeito institucional. O Presidente João Lourenço soube, sempre, colocar-se no pedestal de um bom estadista.
O encontro no Palácio Presidencial com o líder da oposição não deixa margem para dúvidas: o Presidente João Lourenço é aberto a todas as sensibilidades do país. Reafirmo o facto de o Presidente João Lourenço ter sido distinguido, a 28 de Agosto de 2022, como Campeão da Paz pela União Africana.
Essa distinção foi um reconhecimento da sua dimensão internacional — pela capacidade de advocacia a favor da paz e da concórdia entre os povos. Angola — desde a sua génese — enfrentou várias adversidades, principalmente as ligadas à defesa da sua integridade territorial.
As controvérsias internas foram geridas pelos atores à medida do seu tempo. No entanto, a guerra fratricida foi um erro histórico. Ainda assim, o Presidente João Lourenço protagonizou um acto heróico ao vir a público, de forma muito responsável, pedir perdão a todos pelos conflitos do passado. Esse ato de coragem do Chefe de Estado, embora pouco explorado pela generalidade dos angolanos, é raro em África.
O nosso país é hoje uma referência no que toca à reconciliação pós-conflito. Contudo, o diálogo institucional tornase a solução contingencial para a estabilidade do país. E esse é o caminho apontado pelo Chefe de Estado.
Por: CARDOSO DOS SANTOS “WANGUILEMBUA”*