Quem sou eu para julgar o próximo pela escolha? Muitos “iluminados” estão a criticar a mais recente declaração da jovem, Eva Cruzeiro, mais conhecida pelo nome artístico de Eva Rap Diva, por ter dito que é “ORGULHOSAMENTE PORTUGUESA”.
Os autóctones devem estar céticos quanto a posição dela e o seu “ser portuguesa”, como uma “morena” tem a ousadia de afirmar que é uma das nossas? Um posicionamento colorido que nada engrandece o pensamento iluminado, abstraído do iluminismo e do racionalismo que já afirmou que só existe uma raça, que é a raça humana.
Decerto gente preocupada com a humanidade já afirmaram: “as pessoas não têm cores e se têm cores, certamente não têm nomes”.
Outros autóctones devem estar a evocar que trata-se de um aproveitamento político, uma manobra para o PS-Partido Socialista conquistar a simpatia do eleitorado marginalizado, que agora já cobre uma boa parte dos nativos.
Contudo, a vida é uma festa política, a quem diz que todo o comportamento humano é uma política, administrar a casa – Economia é política, aceitar um pedido é política.
Escreve, o romancista moçambicano, “os que a mim se dirigem não me querem como pessoa. Uns chegam-se para vender, outros para roubar. Ninguém me aborda sem interesse, meu Deus como me custa ter raça!” Eva ao aceitar esta maça está ciente dos desafios, e da escolha possivelmente “ad aeternum”, tal qual igual de Adalberto Costa Junior, presidente da UNITA, que renunciou ou suspendeu a sua nacionalidade portuguesa por ocasião da candidatura à presidência da República de Angola, entretanto fálo ciente da “procura do real e do novo”.
Uma franja de angolanos piscou o olho no intento da Diva criar um partido ou mesmo ter escolhido fazer política aqui nestas paragens (Angola), porém devemos afirmar que algumas questões de estéticas políticas fazem a diferença.
Os outros já “compreenderam” a beleza do preto e branco na política, outros ainda estão no “mito da caverna”. E quando saiu em defesa de uma justa causa foi simplesmente enxotada, até junto de um comentário ter afirmado que: “o povo não ajuda”.
E como “habitue” surgiram os ataques dos iluminados “agora já é portuguesa!”, se calhar é no âmbito do pensamento de Mia Couto: “os mulatos são pretos só quando lhes convém -Mia Couto”. Eva escolheu a boa parte, pode não ser a melhor, mas quem não vive sob a “matrix” do custo de oportunidade, somos convidados a escolher, até mesmo quando não queremos escolher, ou melhor, não escolher também é uma escolha.
É legítimo também o cepticismo de muitos portugueses, “que será irá defender os ideais da República Portuguesa?”.
Bem, a respeito disso, penso que estamos ultrapassados, pela miscelânea que se vive nos tempos modernos, é curiosos notar que grandes nações, e Portugal se quer grande, ergueram-se sobre as mãos estrangeiras, caso da superpotência americana EUA, conhecida como a nação de imigrantes.
E o mesmo se pode dizer de individualidades políticas, o mundo mostrou-nos que imigrantes já chegaram a defender uma terra estrangeira que se fez sua, a pátria transcende uma porção territorial, mais do que um afecto, que o indivíduo nutre pela terra, é a terra que se lhe abriu a boca e fê-lo homem.
A Eva é portuguesa, fez-se portuguesa e a terra dela é portuguesa. Tem origens angolanas, SIM! E ousadamente quais são mesmo as origens de dois dos três últimos presidentes do EUA, quais são as origens de Donald Trump – alemã, quais são as origens de Barack Obama – argelina, Nicolas Sarkozy, Henry Kissiger, etc.
E a lista não para por aqui, desde escritores renomados como: Ayn Rand (russa depois nacionalizada norte-americana) proeminente na filosofia objectivista e crítica do regime russo até o último dia de sua vida.
A verdade é que há pátrias que só serve para depósito de cadáveres, porque se fizeram cemitérios ao céu aberto.
A terminar, devíamos fazer festa, porque, quiçá, ainda na casa defenderá a concessão e facilitação de entrega de visto à nós “mwagoles” (brincadeiras) e não deveis vos preocupar afinal podemos viajar e desfrutar Nossa rainha do rap brilhe, o futuro é promissor. Ulonga owela, ulongi owela!
Por: DELVINO CACONDA
*Estudante de Direito e Coordenador Local pela Student For Liberty-SFL