“Tu, que és estudioso de questões internacionais, diz-me: o Presidente João Lourenço vai à Índia em breve? E o que é que Angola pode ganhar com essa visita à Índia?” Essa pergunta, aparentemente simples, esconde uma série de implicações profundas, não só para as relações bilaterais entre Angola e a Índia, mas também para o futuro da diplomacia económica de Angola.
A resposta a essa questão exige um olhar atento sobre as dinâmicas globais e as estratégias de diversificação económica que Angola tem adotado, com especial destaque para os países emergentes como a Índia.
A diplomacia económica de Angola tem dado passos significativos nas últimas décadas, sobretudo com a chegada de João Lourenço à presidência. Com uma agenda voltada para a diversificação das parcerias estratégicas e a atração de investimento estrangeiro, Angola tem procurado abrir novas fronteiras comerciais que não se limitem apenas aos seus parceiros tradicionais, mas que também integrem países emergentes com os quais se possa estabelecer relações mutuamente vantajosas.
Entre esses países, a Índia destaca-se como um parceiro estratégico de crescente importância, especialmente no que diz respeito ao comércio e ao investimento. A Índia, com uma população de mais de 1,4 mil milhões de pessoas, emergiu nas últimas décadas como uma potência económica global.
O país tem mostrado uma capacidade impressionante de transformar desafios em fontes de inovação e crescimento. A transição económica da Índia nas últimas três décadas tem sido notável, tornando-se a terceira maior economia do mundo em termos de paridade de poder de compra, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Além disso, a Índia tem avançado consideravelmente em áreas como energia renovável, transportes e comunicação. Dentro desse cenário global, as relações comerciais entre Angola e Índia têm-se expandido significativamente. Desde 2018, os volumes de negócios entre os dois países aumentaram de forma consistente, com o comércio bilateral alcançando 4,2 bilhões de dólares em 2021.
Este crescimento foi impulsionado pelas exportações de petróleo e gás natural de Angola para a Índia. Por sua vez, a Índia exporta para Angola uma gama diversificada de produtos, incluindo equipamentos de telecomunicações e medicamentos.
O crescimento das relações comerciais também se reflete na presença crescente de empresas indianas em Angola, principalmente nos setores de energia, infra-estruturas e agricultura. Além disso, programas de cooperação técnica e econômica, como o Indian Technical and Economic Cooperation (ITEC), têm sido essenciais para promover o intercâmbio de conhecimento e capacitação profissional.
Além disso, a cooperação entre Angola e Índia tem se estendido ao setor de defesa, com a Índia oferecendo apoio técnico e fornecimento de equipamentos. Em 2023, uma linha de crédito de 100 milhões de dólares foi assinada pela Índia para a compra de equipamentos de defesa para Angola, reafirmando o compromisso da Índia com o desenvolvimento das infraestruturas es- senciais em Angola.
O setor de tecnologia é outro campo em que Angola pode alavancar a experiência da Índia. Como líder mundial em TI e inovação digital, a Índia possui expertise considerável que poderia ser aplicada na modernização de várias indústrias angolanas, incluindo saúde, educação e governança.
A criação de soluções tecnológicas pode também melhorar a eficiência administrativa e fortalecer a economia digital em Angola.
Além disso, a Índia é um centro de investimento com várias empresas multinacionais e uma base de investidores dispostos a explorar novos mercados. Angola pode se beneficiar da atratividade da Índia, especialmente nos setores de energias renováveis, indústria farmacêutica e inovação tecnológica.
Uma estratégia bem-sucedida de Angola seria estabelecer parcerias com empresas indianas para o desenvolvimento conjunto de projetos de infraestruturas, como ferrovias e portos. Neste contexto, a relação entre Angola e a Índia evidencia o valor da diplomacia económica como instrumento estratégico para a afirmação internacional de Angola.
Ao aprofundar o diálogo político e os mecanismos de cooperação bilateral, Angola reforça a sua presença no cenário internacional e consolida-se como um parceiro confiável no quadro das relações com potências emergentes.
Esta aproximação à Índia permite a Angola diversificar os seus parceiros externos, ampliar o seu espaço diplomático e negociar em melhores condições o acesso a conhecimento técnico, formação de quadros e financiamento para sectores prioritários.
Trata-se, portanto, de uma diplomacia que não ap nas projeta a imagem de um Estado moderno e cooperativo, mas que traduz ganhos concretos para o desenvolvimento e para o posicionamento estratégico do país no contexto global.
OBS- A ESCRITA DESTE ARTIGO DE OPINIÃO, FORAM BASEADAS EM FONTES DIPLOMATICAS ANGOLANA E INDIANA https://www.newsonair.gov.in/ tag/bilateral-trade-between-in- dia-and-angola-grows-from-2- 14-billion-dollars-in-2020-21- to-4-22-billion-dollars-during- 2022-23/?utm_source=chatgpt. com https://oec.world/en/profile/ bilateral-country/ago/partner/ ind?utm_source=chatgpt.com https://www.mea.gov.in/Por- tal/ForeignRelation/Public_Bi- lateral_Brief_as_on_April_2023. pdf?utm_source=chatgpt.com