Você já reparou como os adolescentes e jovens andam vestidos de casaco, mesmo em tempo de calor? E boa parte desses casacos trazem o capuz? Além de moda, esse casaco serve também como um escudo.
No entender deles, quando colocam aquele capuz e adicionam os auriculares, parecem estar em outro mundo.
Depois de ter lido mais um capítulo do livro A coragem de ser imperfeito, que aborda de alguma forma isso, comecei a prestar mais atenção e, apesar de o livro ter sido escrito para uma realidade de lá do outro lado do mundo, ainda assim, se aplica completamente ao que vemos acontecer aqui pelas nossas bandas também.
Conversei com alguns adolescentes, começando com a que tenho dentro de casa, questionando a razão de andarem vestidos daquele jeito e muitas vezes a olharem para o chão.
As respostas foram parecidas, por um lado é por causa da moda, da beleza do casaco em si, mas, por outro lado, quando combinam o capuz, os auriculares e o olhar para o chão ou para o telefone, sentem como se ficassem invisíveis, sem a necessidade de cumprimentar ninguém, sem responder a nada, simplesmente mergulhando em si mesmos.
Ontem, enquanto assistia ao treino de futebol do Gael, chegou um jovem trazendo o seu irmão mais novo para também treinar, e quando começamos a pensar sobre alguma coisa, é apenas isso que nos aparece.
Então lá vinha o jovem com o seu casaco, quando se aproximou do local onde tinha mais gente, simplesmente ele colocou o seu capuz e começou a andar olhando para baixo e num passo mais acelerado.
Lembrei que, com aquela idade, em muitas ocasiões também gostava de passar despercebido, não havia telemóveis nem airpods, mas também lembro de me ter em algum momento socorrido no casaco de capuz.
Os adolescentes e jovens são muito peculiares nas suas atitudes, são muito mal falados pelos mais velhos da geração anterior, mas na realidade são muitas vezes o reflexo dessa geração que os antecede.
Devo aqui também partilhar que dentro dessa juventude julgada e condenada pelos adultos como incapazes, mimados, incompetentes e por aí fora, temos estado a encontrar também vários que se destacam, com muito melhores ideias, pensamentos organizados, visão de futuro clara e um desenvolvimento de se tirar o chapéu.
Esses já não estão muito interessados no capuz, querem os holofotes e o brilho que lhes é merecido e que adoram ter.
Que Deus abençoe o seu dia, receba o carinhoso e apertado abraço, bem como a promessa de voltar para mais partilhas matinais.
Por: Lídio Cândido (Valdy)
N’gassakidila