O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse estar aberto a negociações bilaterais com a Ucrânia para discutir um cessar-fogo sobre alvos civis, mas o Kremlin garantiu que não há a expectativa de nenhum encontro entre dirigentes dos dois países para os próximos tempos
Em declarações à televisão estatal russa, na Segunda-feira, Putin disse, pela primeira vez desde o início da invasão em larga escala, que está disponível para que haja reuniões entre os dois países, não esclarecendo, contudo, se continua a não reconhecer legitimidade ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Sempre falámos sobre isto, de que temos uma atitude positiva sobre quaisquer iniciativas de paz. Esperamos que os representantes do Governo de Kiev sintam o mesmo”, afirmou Putin.
As declarações do Presidente russo foram feitas após o término das tréguas declaradas por Moscovo em virtude do fim-de-semana da Páscoa, que ambos os lados dizem terem sido amplamente violadas.
Essa avaliação foi confirmada, essa Terça-feira, pelo porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Stephane Dujarric, que voltou a apelar ao fim das hostilidades e ao respeito pelas resoluções da ONU.
Zelensky tinha acusado as forças russas de cerca de 3 mil violações das tréguas e justificou as acusações de Moscovo sobre quebras do cessar-fogo por parte da Ucrânia como respostas “simétricas” aos ataques russos.
O Presidente ucraniano propôs à Rússia um prolongamento das tréguas por mais 30 dias para incluir ataques de drones e mísseis de longo alcance contra alvos civis, mas ainda não houve qualquer resposta concreta por parte de Moscovo.
O ritmo dos ataques aéreos não tem diminuído. Durante a madrugada dessa Terça-feira, a Ucrânia disse que a Rússia lançou 54 drones, dos quais 38 foram abatidos e 16 não atingiram os seus alvos.
A maioria tinha como destino a região de Odessa, no mar Negro, e em Zaporíjjia pelo menos uma pessoa morreu e 22 ficaram feridas na sequência de um bombardeamento sobre uma zona residencial. Moscovo disse ter abatido dez drones ucranianos durante a última noite.
“Quando o Presidente disse que seria possível discutir a questão de não atacar alvos civis, incluindo bilateralmente, o Presidente tinha em mente negociações e discussões com o lado ucraniano”, esclareceu, já essa Terça-feira, o portavoz do Kremlin, Dmitri Peskov.