A comunicação institucional pública em Angola enfrenta um desafio crucial: consolidar-se como um instrumento estratégico para além dos ciclos políticos.
Nos últimos anos, assistimos a avanços significativos na comunicação governamental, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que a comunicação institucional pública se torne um pilar sólido na construção da marca Angola.
Se a comunicação governamental está ligada às acções do Executivo dentro de um mandato, a comunicação institucional pública deve ser contínua, promovendo a identidade nacional, a coesão social e a atracção de investimentos e turismo.
Ora, como garantir essa transformação? Os primeiros passos e os avanços na Comunicação Pública Os progressos registados pelas instituições públicas do nosso país no campo da comunicação governamental são irreversíveis.
O governo já tem plena consciência da importância da comunicação como ferramenta indispensável para construir a sua narrativa no espaço público.
Esta incursão pela revitalização, promoção e manutenção da boa imagem e reputação tem sido liderada pelo Executivo, seguido pelo Parlamento e, mais recentemente, pelo Judicial, que começa a dar sinais de maior abertura comunicacional.
Da independência até aos dias de hoje, os alicerces formais para a construção da imagem de uma marca-país só foram estabelecidos em 2015, com a publicação do Decreto Presidencial 230/15, de 29 de Novembro, que instituiu os Gabinetes de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII) nos departamentos ministeriais, governos provinciais e demais serviços da administração pública.
Desde então, temos assistido a um esforço significativo por parte dos poderes Executivo, Legislativo e Judicial para comunicar, adoptando estratégias alinhadas aos parâmetros estabelecidos nos manuais de comunicação.
No entanto, tais acções ainda estão fortemente enquadradas no âmbito da comunicação governamental, que responde às exigências de cada mandato constitucional, em detrimento de uma comunicação institucional pública sustentável e de longo prazo.
A comunicação como pilar de uma estratégia nacional É urgente a necessidade de uma comunicação institucional pública que vá além dos ciclos eleitorais e se alinhe aos valores fundamentais da nação como: patriotismo, progresso e unidade nacional.
Uma comunicação que explore as características únicas que nos definem como povo e como país. Como um território belo, rico em história e herança cultural, com um potencial turístico e económico por explorar. Importa, portanto, estabelecer uma distinção clara entre os conceitos.
Se a comunicação governamental tem como foco a divulgação das acções de um governo eleito e a execução do seu programa, a comunicação institucional pública deve transcender os mandatos e ser ancorada numa estratégia nacional coesa e duradoura.
Às vésperas dos 50 anos de independência, é essencial formular uma visão estratégica para a comunicação institucional pública que responda a perguntas fundamentais: Que Angola queremos para os próximos 50 anos? Como queremos ser percebidos pelos nossos concidadãos, pelos países da região, por África e pelo mundo? Uma estratégia de comunicação institucional pública eficiente deve projectar Angola como uma marca forte e atractiva, independentemente do governo em exercício.
O objectivo deve ser consolidar uma identidade nacional que inspire confiança, impulsione o turismo, promova investimentos e fortaleça o sentimento de pertença dos angolanos.
O papel dos GCII e o futuro da comunicação institucional Para alcançar este objectivo, é fundamental que os Gabinetes de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII), sob a égide do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, assumam um papel mais activo na definição e implementação de estratégias que transcendam os ciclos políticos.
A comunicação institucional pública deve ser contínua e consistente, garantindo que a imagem de Angola como nação seja preservada e fortalecida ao longo do tempo.
Além disso, deve ser inclusiva, envolvendo todos os sectores da sociedade e promovendo a participação activa dos cidadãos na construção da marca Angola.
A formação e capacitação dos profissionais de comunicação institucional são igualmente essenciais para assegurar a eficácia das estratégias adoptadas e a coerência das mensagens transmitidas.
Um corpo técnico qualificado é determinante para garantir que a comunicação institucional seja dinâmica, moderna e capaz de responder aos desafios do presente e do futuro.
Portanto
A comunicação institucional pública deve ser vista como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento nacional.
Ao adoptar uma abordagem integrada e de longo prazo, estaremos a criar as bases para um futuro mais próspero e sustentável, onde a nossa riqueza cultural, natural e histórica seja reconhecida e valorizada tanto interna quanto externamente.
É, portanto, imperativo que todos os actores envolvidos na comunicação institucional pública trabalhem de forma coordenada, com uma visão comum de promoção e consolidação da marca Angola, em benefício de todos os angolanos e das futuras gerações.
Por: AMADEU CASSINDA
*Jornalista e Comunicólogo