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O fracasso dos que não matabicham

Jornal Opais por Jornal Opais
14 de Junho, 2024
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
0

Tenho a certeza de que poucos discordarão de mim se disser que a edição 2023/2024 do Girabola ficará marcada pela imagem do treinador campeão a interromper a entrevista final de consagração para comer uma tigela de um saboroso (creio eu) arroz doce.

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Foi igualmente hilariante ver depois o mesmo treinador a correr eufórico pelo relvado a oferecer aos seus jogadores generosas colheradas do famoso arroz doce.

Para quem não esteja familiarizado com o nosso Girabola talvez não tenha percebido a piada por detrás do arroz doce, uma clara picardia ao 1.º de Agosto, seu tradicional e arqui-rival, que atravessa um período financeiro difícil e que julgo sem precedentes na sua história, com consequências claras no plano desportivo.

Foi em Maio de 2022 que começaram a circular notícias que davam conta de que os atletas do referido clube recusaram-se a treinar por não terem tomado o pequeno-almoço num determinado dia.

Um pouco mais recentemente, uma jornalista desportiva anunciava, num programa de televisão, que o almoço da equipa, num outro dia, havia sido um simples arroz com peixe frito.

Foi a partir destes momentos que os dois rivais passaram a ser conhecidos como “os que matabicham” e “os que não matabicham”, uma metáfora para significar os que têm condições e os que não têm.

Como era previsível, os que matabicham ficaram em primeiro lugar na classificação final; ao passo que os que não matabicham quedaram-se na setima posição.

Tudo isso não passariam de picardias entre clubes sem qualquer destaque de relevo não fosse o facto de que as evidências sobre a falta de refeições condignas (e, claro, de outras condições) num dos maiores clubes de Angola se tornarem mais claras justamente numa altura em que o país tenta a sua segunda qualificação para a fase final de um campeonato do mundo de futebol.

E mais, bom seria se estas preocupações estivessem circunscritas ao 1.º de Agosto. Pena é que, para muitos dos clubes do nosso país, as crises já nem chegam a ser notícia e temo que o 1.º de Agosto esteja a caminhar para essa terrível rotina.

Mas qual a relação a entre entre estes dois factores e quais as suas consequências, devem estar a perguntar-se e eu explico.

Quem olha para a nossa selecção hoje, nota a escassez de atletas do Girabola e percebe o esforço hercúleo que o seleccionador vai levando a cabo para trazer cada vez mais atletas que jogam fora de Angola.

O motivo talvez esteja naquela simbólica tigela de arroz doce: há uma diferença entre os atletas que têm todas as condições para treinar e desenvolver o seu potencial e os atletas a quem faltam até as condições mais básicas como uma refeição digna, transporte, um centro de treinos verdadeiramente profissional, entre outras.

Não há dúvidas de que a crise económica, que teima em não passar, tem feito mossa ao nosso desporto. Internamente, o desporto está mais pobre.

A qualidade individual e colectiva vai caindo, equipas vão desaparecendo, atletas e treinadores desistem, há menos recintos desportivos e os que existem vão se degradando a uma velocidade cruzeiro, há menos torneios e menos competitividade, há menos patrocínios e menos apoio do público.

Por cá, para a alegria dos seus adeptos, o Petro vai passando quase que incólume pelas tribulações que afectam quase todas as outras equipas, e se tornando numa equipa hegemónica; no entanto, a falta de competitividade já tem cobrado a factura cada vez que o Petro tem de defrontar equipas estrangeiras; bem como, a cada convocatória da selecção nacional.

Portanto, é bom ser uma equipa que matabicha, mas não é bom ser a única que equipa que matabicha, porque, em última instância, isso vai significar o fracasso de todos.

Numa altura em que as notícias indicam um aumento da insegurança alimentar, a imagem de um treinador campeão a comer arroz doce devia ganhar um maior destaque em termos de mensagem.

É preciso combater a fome. Não apenas entre os atletas, mas principalmente entre as nossas crianças e adolescentes.

Está devidamente documentado o efeito a longo prazo da desnutrição infantil e a forma como esta afecta o potencial produtivo na vida adulta e reduz a qualidade de vida. Urge, por isso, unir esforços para contrariar a tendência preocupante de aumento do número de crianças e jovens sujeitos à fome e a má nutricão, até porque, quer queiramos, quer não, estes serão (alguns até já são) os nossos desportistas, polícias, militares, professores, médicos, enfim, a força activa do país nas mais diversas áreas.

O que se poderá esperar destes homens e mulheres se as suas capacidades físicas e intelectuais estiverem irremediavelmente comprometidas devido à fome e à má nutrição a que estiveram expostos na infância?

Espero que os próximos tempos tragam novidades em termos da melhoria da segurança alimentar, não apenas para os clubes desportivos, mas para toda a nação.

Caso contrário, e como todos nós sabemos, só há um destino para os que não matabicham: o fracasso.

 

Por: SÉRGIO FERNANDES

*Escritor 

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