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Literatura benguelense e Instituição literária – discurso ontológico sobre o fenómeno literário local

Jornal Opais por Jornal Opais
22 de Março, 2024
Em Opinião
Tempo de Leitura: 5 mins de leitura
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Benguela tem sido o espaço de concepção de vários escritores angolanos, uma praça com uma tradição literária muito forte, basta estudar a História Literária e verificar-se que a primeira obra a ser imprensa em Angola e na África portuguesa é de um escritor de Benguela, José da Silva Maia Ferreira, Espontaneidade da minha Alma (1849) ou ainda o grande Siripipi, Ernesto Lara Filho com o seu poemário Picada de Marimbondo.

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A par destes, pode-se citar outros tantos como Alda Lara, Raul David, Luís Kandjimbo, Pepetela, Aires de Almeida Santos, ou mais recentemente a escritora Paula Russa e Gociante Patissa.

Deste modo, nunca faltou escritores em Benguela com alguma qualidade e que representassem essa província no cenário literário nacional, repare-se, por exemplo, que em principais momentos ou fases da literatura nacional, há sempre um escritor benguelense.

Isto deve-se ao facto da região de Benguela ser uma das primeiras capitanias ou mais recentemente cidades fundadas em Angola, o que permitiu um contacto com a escrita mais cedo em relação as outras regiões.

Assim, queremos dividir em dois momentos a nossa apresentação, numa primeira fase responder as seguintes questões: é possível falar de uma literatura (regional) benguelense? O que seria então literatura regional? Ora, dá-se o nome de literatura regional, a nosso ver, ao conjunto de obras que têm como foco uma determinada região, retratando de forma profícua as suas tradições, os seus valores morais, as actividades económicas, sociais, a disposição do relevo, a flora e a fauna que são peculiares.

Stuben apud Arendt (2015) entende a literatura regional como a circulação de autores e de obras dentro de um sistema literário situado em um sistema mais amplo (nacional e até supranacional): ela se refere ao domínio da escrita restrita à região.

Para todos efeitos, literatura regional deve ser percebida como um instrumento que materializa a preservação da cultura e história local, ou seja, é a escrita que conserva os elementos identitários de uma determinada região.

Nesta senda, Literatura benguelense seria um sistema micro-literário que envolve não só o conjunto de obras que comportam os elementos identitários próprios desta região , bem como uma rede de editoras, livrarias, bibliotecas, prémios literários, crítica que permitem a difusão e a sustentabilidade do fenómeno literário na região de Benguela, desta forma a existência de autores com uma visão de mundo similares devido a uma dimensão espaço-temporal e estética comum, torna-se imperioso, o que nos leva a primeira questão: pode-se falar de uma literatura benguelense?

Num sentido mais lato, referindose aos autores que publicam as suas obras no solo benguelense, aquela literatura que é feita por benguelenses, embora em muitos casos com temas universais e, portanto, com menos regionalidade, ou seja, com poucos aspectos identitários da província e muitas destas publicadas por editoras regionais, pode-se sim falar de literatura benguelense.

Porém, numa perspectiva mais restrita, a meu ver, torna-se difícil abordar uma escrita regional bem sistematizada, obviamente, isto não impossibilita a existência de obras ou autores que apresentem tais elementos, mas não obedecem todo um sistema que centraliza Benguela como espaço estético por excelência.

Nesta perspectiva autores como Gociante Patissa, Paula Russa, Raul David, Luís Kanjimbo (mais precisamente em O Notívago e Outras estórias de um benguelense), Lara Filho e outros são reprentatividades soltas que evidenciam Benguela como o espaço estético de suas obras.

Pepetela, por exemplo, visto como um dos grandes expoentes da nossa literatura nacional, nasceu na província de Benguela, mas é legítimo considerá-lo como expoente máximo da literatura feita em Benguela? Embora tenha obras que evidenciam o espaço estético “ Benguela” como em “A Sul.

O Sombreiro”, destaca-se como um romancista nacional, que valoriza e apresenta o espaço multicultural angolano, basta para isso verificar o seu repertório.

Logo, ler Pepetela não significa necessariamente ler Benguela, assim como ler Manuel Rui não é ler Huambo, diferente de Luandino Vieira ou Jorge Amado que evidenciam nas suas obras um espaço estético, mormente, Luanda e Salvador da Bahia.

Naturalmente, ser escritor regional não significa apenas escrever exclusivamente para uma determinada localidade, mas sobretudo valorizar amíude através da escrita elementos identitários de uma região.

Destarte, a escrita é um elemento fundamental para esta distinção e é por ela que Castro Soromuenho não é um autor moçambicano e Luandino Vieira não é um autor português.

Não entendemos Literatura regional como uma escrita pacata com um viés de circulação limitado nesta circunscrição geográfica, assim os autores regionais são aqueles que apresentam Benguela não só aos benguelenses como também aos angolanos em geral.

Com efeito, não é exagero fazer uma distinção conceitual: autores naturais de Benguela, aqueles que nasceram nesta província e não evidenciando , com frequência, o espaço estético “ Benguela” vão fazendo incursões sobre esta região em algumas de suas obras; e autores benguelenses por valorizarem este espaço estético, abordando constantemente acerca das vivências locais, independentemente, da sua naturalidade.

Para o primeiro caso, podese ter como referência Pepetela e para o último Ernesto Lara Filho. Uma literatura, seja no plano nacional como no regional, não se deve reduzir nos autores, na escrita literária, visto que há um conjunto de elementos que permitem a edificação da mesma.

Tais elementos constituem o que se entende por instituição literária, falamos aqui de uma estrutura que facilite e que faça acontecer com maior fluidez o processo de simiose literária.

Sobre este conceito, a professora Júlia Kristeva refere « Teria tendência a ver nele duas coisas: por um lado, a própria literatura, a prática da escrita, o facto de querer inserir-se num código que consiste em transpor preto no branco e a partir de um certo número de imposições uma experiência onírica ou real; por outro lado, entenderia por instituição literária todas as margens da prática literária: as revistas, os Júris, eventualmente as universidades, tudo o que consagra a experiência literária e lhe dá uma possibilidade mais ou menos grande de chegar ao público; isto é, finalmente, os canais de transmissão.»

À luz desta visão, pode-se chegar a inferir que o problema de instituição literária nem sequer é regional, situa-se no plano nacional, na medida em que há um número reduzido de agentes literários além de se ter uma União de Escritores Angolanos quase que inoperacional. Estes problemas influenciam , naturalmente, a nível ontológico, as literaturas regionais, que continuam/rão numa debilidade constante se prosseguirmos por esta senda.

Dito de outro modo, a existência de uma literatura pressupõe, igualmente, uma rede sistematizada presentes na concepção da obra como é o caso das editoras e outra que permite a recepção por parte dos consumidores, isto é, livrarias, bibliotecas, feiras de livros etc.

Neste processo, não se pode esquecer de críticos literários que servem como barómetro no que se refere a qualidade das obras publicadas, sem ignorar os prémios e revistas literárias locais.

Agora vejamos, que revistas literárias existem em Benguela? Quais os principais prémios literários? Quantas editoras possui e qual o alcance dos escritores a elas?

Quais os críticos literários que possuímos? Temos aqui um conjunto de questões cujas respostas, certamente, ajudam a responder a pergunta maior.

A estruturação consolidada da instituição literária permite uma maior difusão do fenómeno literário local e, consequentemente, o seu crescimento.

Para terminar, será errado considerar que a Literatura benguelense caminha em passos de camaleão?

 

Por: FERNANDO TCHACUPOMBA

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