Em 2015, o Ministério da Indústria anunciou a construção, por fases, de 22 Pólos de Desenvolvimento Industrial em todas as províncias do país, iniciativa que visava ajudar a reduzir o desemprego, com a criação de inúmeros postos de trabalho. OPAÍS conversou com alguns responsáveis provinciais que aguardam pela materialização do sonho
Estão em funcionamento apenas sete pólos industriais nas províncias de Luanda, Benguela, Cabinda, Huambo, Malanje, Uíge e Cuanza-Norte, com área média entre mil e dois mil hectares, cada um deles, como chegou a anunciar no ano passado o antigo ministro da Indústria e Comércio Victor Fernandes.
Os 22 pólos foram projectados para acompanhar a integração na Zona de Comércio Livre Africana (ZCLCA) e da Região Austral. Benguela posiciona-se como um dos maiores parques industriais do país, mas ainda assim parte dos pólos não saíram do papel. Ao OPAÍS, o director do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado de Benguela, Samuel Maleze, disse que o Pólo da Canjala não está a funcionar porque a operadora que estava encarregue da gestão abandonou e, actualmente, o espaço está a ser vandalizado.
O Pólo de Canjala até chegou a funcionar, mas, para a sua reactivação, Samuel Maleze disse ser preciso a instalação no local de energia eléctrica e definir-se o modelo de gestão. “A infra-estrutura já esteve em funcionamento, mas foi entregue a uma empresa que não deu continuidade e abandonou o projecto. Temos programadas visitas, porque está a ser vandalizado,” disse.
O responsável destacou que Benguela é a província com mais reservas para a implantação de pó- los, sublinhando que para além da Canjala, existem reservas industriais no Biópio, no Culando, Baía Farta (que já possui alvará de loteamento para a sua activação) e o Pólo Industrial da Leseta no Cubal. Segundo o responsável, os Pólos no Biópio e Culando estão enquadrados na linha de financiamento de um banco árabe.
Actualmente, Benguela tem dois
Pólos industriais em funcionamento, o de Benguela, onde está instalada a primeira e a segunda fase do parque industrial do Grupo Carrinho, e o Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela (PDIC), que está alinhado para o programa “Diversifica Mais” na linha do Banco Mundial. No parque industrial do Grupo Carrinho, perspectiva-se implantar a terceira fase, com instalação de algumas fábricas, mas, segun- do Samuel Maleze, este local ainda apresenta insuficiências de energia eléctrica.
Cuanza-Sul e Bié No Cuanza-Sul, o Pólo Industrial do Porto Amboim não chegou a ser implementado pelo Ministério da Indústria, justificado por ser de âmbito central, apesar de ter espaço com instalação de energia eléctrica. Para a sua materialização, segundo o director do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado desta província, Carlos Henrique, faltava um conjunto de outros segmentos para a conclusão. Ainda assim, Carlos Henrique disse que ao nível da sua direcção continuam a fazer pressão para dar sequência ao projecto.
Carlos Henrique disse, igualmente, que em termos de plano de desenvolvimento provincial havia ainda previsões para a construção do Pólo Industrial da Zâmbia, que seria instalada na comunidade com o mesmo nome, em direcção ao município do Amboim (Gabela). O mesmo acontece com o Pólo de Desenvolvimento Industrial do Cunje, no Bié, que se encontra em fase de mobilização de meios para o seu funcionamento. No Cunje, faltam serviços básicos como água e energia eléctrica, como explicou o director do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado do Bié, Figueiredo Canguende.
No âmbito da organização do plano de referência produzido pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial e Inovação de Angola (IDIIA), foi deixado somente o espaço para a construção da infra-estrutura. De salientar que, no quadro do programa de instalação de pólos, a província conta com espaços reservados para a implementação de parques industriais a nível dos nove municípios. O Bié conta com indústrias de construção civil, material escolar, sacos de ráfia e empresa de engarrafamento de água.
Caála resiste e está disponível para acolher novas indústrias
O Pólo de Desenvolvimento Industrial da Caála (PDIC) é um exemplo de resistência das intempéries. Tem capacidade de albergar mais 60 unidades industriais, mas me- nos de 20 estão em funcionamento. Ainda assim, o director provincial do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado do Huambo, Manuel Vitongue, referiu que a criação do Pólo de Desenvolvimento Industrial da Caála, em 2015, cuja gestão está a cargo do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica de Angola (IDIIA), tem zelado pelos interesses do Estado e da comunidade.
De acordo com a planta do PDIC, tem uma dimensão de mil e 80 hectares, tendo o responsável referido que existe muito espaço disponível para a implementação de novas unidades industriais, destacando que ainda é pouco atractivo porque não está infra-estruturado no seu todo, e falta água. “Temos uma estação que distribui energia às indústrias que estão implantadas no pólo”, disse. Além do Pólo da Caála, a província possui várias zonas industriais como a Chivas, São Pedro, São João e na cidade baixa, sendo que esta última se encontra “completamente desactivada”.
De referir que os pólos de desenvolvimento industrial e os parques industriais rurais são infra- estruturas de localização industrial, nas quais se concentram unidades onde empreendedores podem instalar fábricas de grande, média, pequena dimensão, e conectarem-se com os fornecedores de matérias-primas de origem nacional ou importada. Em Angola, para além dos pólos industriais, há apenas três parques industriais em funciona- mento, nomeadamente, o de Cacuso (Malanje), do Tomboco (Zaire) e o da Canjala (Benguela)