Quando mais novos, principalmente naquela fase em que se pretende escolher a profissão em que nos iremos dedicar a vida toda, um dos maiores sonhos é pudermos mudar o mundo.
São poucos os que não terão passado por esta quimera durante a infância ou até mesmo adolescência.
É provável que ainda existam muitos que acreditem nesta possibilidade de puderem alterar o status quo.
Por exemplo, quando se entra para as universidades, também acontecem os que sem pestanejar vendem esse desejo.
Alguns estudantes de jornalismo, por exemplo, terão ou estarão a prometer a eles mesmo que um dia destes irão liderar os únicos grupos de comunicação 100 por cento livre, daqueles em que os patrões, os grandes grupos económicos ou até mesmo os interesses políticos de então não tenham qualquer influência.
O mesmo diremos em relação aos estudantes de medicina, economia e outros cursos que, no público e no privado, estão à disposição dos angolanos para todos os bolsos.
Hoje, por sinal, se comparado com os anos anteriores, o número de estudantes nas instituições de ensino superior aumentou significativamente.
Haverá, certamente, mais becas pretas, gorros, faixas e diplomas por metro quadrado em todo o país do que alguma vez se viu.
E, nos últimos dias, à semelhança do que ocorre em épocas como estas, aumenta as formaturas e sessões de atribuição de diplomas. São cerimónias lindas, com muita emoção.
Dos pais que se sacrificaram para que um dos rebentos alcançasse tal proeza, do jovem que sozinho – e sacrificandose – tornou-se o primeiro e único licenciado da família ou ainda daquele que abandonou uma terra longínqua para enfrentar a grande cidade para a realização do sonho.
São milhares. Todos os anos. E ainda bem. Espera-se que assim seja para o bem do país, aquele que muitos um dia, antes de se terem sentado numa carteira na universidade, pública ou privada, juravam, em sonhos ou acordados, que um dia fariam de tudo para o transformar num sítio melhor.
Sempre que vejo uma cerimónia de outorga de diplomas vêem-me à memória os vários sonhos de outrora em que muitos acreditavam que poderiam mudar o mundo.
E também a esperança de que muitos daqueles que venceram esta batalha consigam, de facto, trazer ou apresentar soluções que nos levem a ultrapassar os inúmeros problemas sociais e económicos que o país ainda atravessa.
Tem-se dito que é nos momentos mais críticos em que as mentes pensantes se devem manifestar e fazer a diferença.
E o número de licenciados que vai sendo colocado no mercado, quase todos os anos, deveria coincidentemente ser acompanhado de produção científica bastante e soluções para os problemas que nos afligem.
Mesmo que se diga que os estudos não estejam a ser levados em conta por quem tem o dever de os absorver, ainda assim é tempo de se trazer já à liça os resultados do elevado número de quadros que o país vai recebendo.
Afinal, quem sempre quis um dia mudar o mundo não perderia a oportunidade de o fazer, principalmente num país como o nosso.