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As vozes animalescas do ser

Jornal Opais por Jornal Opais
30 de Outubro, 2023
Em Opinião

Num palpitar desmarcado, entre os ferozes consumidos desumanos, dez humanos, ou quase isso, azoinam-me os ouvidos de plástico.

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A cada dia a cena se repete, afinal, um não é nada diante dos dez ou mais.

No entanto, o caminho é para frente e “parar é morrer”. Vamos novamente tentar fugir das vozes dos dez ferozes. Assim, para o dia seguinte, os meus ouvidos, sempre de plástico, sentiram o crocritar de passos mais longos que as pernas.

Mas não gritei nem grasnei, pois, um pio me deixava logo no show. Continua a caminhada sem olhar muito para trás.

Aliás, olhava, mas não me concentra totalmente nele. Enquanto isso, sentia que tudo em volta arrulava para os meus auriculares sem fio.

Era como se precisasse ouvir o silêncio mais sonante dos pássaros por nascer. Um tênue movimento brusco me levaria, sim, levar-meia ao berrar dos veados por abater, porque o rugido leonçático me levaria, em milésimos de segundos, ao mugido de temor.

Sem dúvidas, cada beco é uma cilada bem montada. Sair ileso depende, e como depende, do quanto os dez quiseram, naquele dia e naquela hora, sibilar os descendentes de Adão e Eva.

Um assobio mal direcionado era um alarme para alegrar as hienas gargalhantes. Por isso, nem as músicas tristonhas podiam ser cantadas. Era só eu, os becos, e as vozes alternadas animalescas.

Neste instante, passar os becos sem fazer surgir um chilreiar animalesco daqueles de quem sou presa solta, era, necessariamente, motivo de alegria. Por isso, assemelhar-me ao animalesco sonante era parte da solução.

Urrar diante dos gigantes, chichiar diante dos pequenos, farfalhar como se de um morcego estivéssemos falando e, ainda, aceitar um pica que se fez inimigo da saúde. No entanto, nas ruas há o meu pão de cada dia.

Então, por que não o pegar apesar dos pesares? Pé na estrada que a vida é dura. A insegurança blatera a cada passo duvidoso que dou. Estico-me na abundância de várias tentativas e poucos acertos.

Há certos assobios que trazem o que quero levar — o medo —, e, como se não bastasse, pipilam-me os batimentos cardíacos que podem ser sentidos telepaticamente.

O feito e o por fazer, afinal, enquanto ser respirante, estão na mesma linha. Sim, na mesma linha, mas, diferente daquela imaginária, esta, felizmente, é visível aos cegos. Cada turbulência tem seu lado bom.

Hoje eu congelo o meu medo como os bramidos indescritíveis. Pela constância, muni-me de coragem ofegante a cada beco que passo. Preparado, também, para esbofetear o gecar de cada indivíduo individualmente.

Afinal, se for choldra estou morto, ou pelo menos, com poucos dias vivíveis. Uma abelha não me assusta. Eu tenho é medo do enxame, os montes me destroem.

Mas, também, já o medo tem de me fugir. Assim, todos os dias, ponho-me a refletir sobre o contra-ataque mais adequado. Num dia estou usando a ferramenta menor, inadequada.

Noutro, pelo contrário, estou dentro do assunto e com mais resistência balística. Nestes altos e baixos — o alto não vejo—, cruzei-me com os companheiros das trincheiras. É imensurável o facto de estar diante de guerreiros que, como eu, querem mudar o rumo das coisas.

Entre a falsificação das vozes e a implementação das nossas no terreno, escolhemos a segunda. Sim, os ferozes perceberam algo diferente nestes animalescos vozeados no silêncio.

A lei do retorno para os primeiros, que serão os últimos, está às claras. Sim, o malicioso cenário por eles montado estava, aos poucos, a cair em desuso. Estava, obviamente, à estampa.

Estampamos, então, o sorriso nos nossos rostos, certos de que, diferente de outros dias, agora estaremos a enfrentá-los custe o que custar. Era necessário que nos mantivéssemos firmes.

Assim, pilhámo-nos em acompanhar cada vítima vozeada ao seu aposento. Os animalescos, percebendo a união, começaram a morrer de medo. Afinal, cada um colhe o que semeia.

Não se nós pode escapar o facto de os salteadores temerem a robustez dos vozeados ao silêncio. Cada um deles pensava, somente, em resolver a situação pelo bramar, pelo uivar, pelo coaxar, pelo repougar, pelo azurrar e, finalmente, pelo silêncio mais audível daqueles seres!

 

Por: PEDRO JUSTINO CABALMENTE

*Professor e Académico

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