OPaís
Ouça Rádio+
Sáb, 20 Dez 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Ouça Rádio+
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

A Pedagogia do mito na Sociedade Angolana Pós-colonial na obra Memória de um Passado Rasgado de Onokapwi Mansima – o caso do conto“ O Mito de Caruta”

Jornal Opais por Jornal Opais
18 de Janeiro, 2023
Em Sem Categoria

Antes, pelo facto de ser um autor mais conhecido apenas pelo público benguelense, convém apresentar Onokapwi Mansima o que certamente é algo dificílimo, porquanto se trata de uma personalidade de muitos ofícios mormente quando se quer falar do quesito arte.

Poderão também interessar-lhe...

Palancas Negras batem-se hoje com Mambas na preparação para o CAN

João Lourenço diz que desenvolvimento de Angola vai no caminho certo

Lançamento da 6ª edição do ANGOTIC acontece amanhã‎

Mansima destaca-se por ser compositor, actor, dramaturgo, autor da famosa peça Chipupi, músico de um vozeirão com uma técnica de se tirar o chapéu, declamador/ trovador, palestrante, professor universitário e escritor.

Antes do lançamento da obra Memória de um Passado Rasgado era com certeza um dos escritores não publicado mais conhecido na praça literária de Benguela.

É decerto de acordo a origem etimológica do seu nome “ Onokapwi” uma fonte inesgotável de vários saberes de tal maneira que Gervais Mansima identifica a figura Onokapwi como seu heterónimo, ou seja, o seu outro eu.

Apresentado Mansima, pensamos que estamos em condições de irmos ao nosso real assunto, a análise do conto O Mito de Caruta do mesmo autor.

E sobre isto, é necessário perceber que diferente da sociedade ocidental, a africana é caracterizada por estar grudada mais a oralidade do que a escrita, pois esta última é ainda muito recente, veja que apenas aparece com o surgimento dos portugueses em nossos territórios, por isso, durante muito tempo as sociedades africanas foram tidas como ágrafas.

No caso restrito de Angola, por exemplo, a Literatura “Imprensa” surgiu muito tarde, precisamente, em 1849, com a publicação da obra Espontaneidade da Minha Alma de José da Silva Maia Ferreira o que certamente atrasou a instrução de autótones através do letramento.

E já que os povos autótones sempre usaram a oralidade como instrumento para educar ou instruir, isto influenciou/a com que houvesse/haja uma certa relutância ao abandono deste modo de transmitir os valores aquando da dessiminação da escrita na nossa sociedade.

É por esta razão que Onokapwi nos apresenta um conto em que apesar do espaço da diegese ser em zona urbana, há ainda uma grande influência da oralidade, um ensino próprio de sociedades tradicionais africanas, isto é, através de mitos, demonstrando como as crianças eram protegidas principalmente de questões em que o ser humano sente uma certa repugnância como é o caso da morte o que se pode verificar na voz do narrador «Neste tempo, a nós crianças, não nos é permitido estar na casa do óbito ou ver um cadáver… Quando o óbito for em casa, mandam-nos então na vizinha-tia ou na tia-vizinha …» (pgs. 49-50).

Isto significa que apesar da diegese ocorrer no tempo em que a influência colonial atinge o seu auge, ou melhor, no limiar do século XX, o que se pode deduzir pelo facto do próprio narrador homodiegético indicar no início da narrativa, veja o excerto que se segue «Estamos na década de 80, alguns anos após ao fim da colonização, à queda do regime salazarista e à proclamação da independência da República Popular Angola» (p. 49) a cultura e política segregacionista colonial (veja, por exemplo, a lei do indiginato) não conseguiu abafar totalmente a cultura africana e, por isto, estes tabus ainda se podem ver na nossa sociedade, visando afastar os mais novos de uma realidade, a morte.

Veja-se, por exemplo, o caso do mito que dá nome ao conto.

Caruta é o nome de um cidadão português, branco, que diferente de muitos, logo após a independência preferiu ficar em Angola para cuidar do negócio familiar, venda de urnas, e por ser diferente do resto da comunidade, além do facto do negócio que praticava ter que ver com uma realidade com que se tem, normalmente, uma certa repugnância, a sua imagem deu origem a um certo medo para os mais pequenos e como os adultos tinham conhecimento desta sensação, usavam-na para educá-los, principalmente, no caso de óbitos, por esta razão fazia-se referência a figura de Caruta quando se insistisse ficar em ocasiões como estas. Tal conforme se pode verificar nesta passagem «… Com ajuda dos nossos pais, que criaram uma mística em torno da figura que, aprendemos a fugir o Caruta.

Basta ouvirmos – olha o Caruta! Entramos em pânico e fugimos a sete pés» ou «Os mais velhos dizem que o Caruta aparece para controlar as crianças que gostam de ficar nos óbitos.

Se encontra uma criança nesse local, com aqueles olhos muito arregalados tira as medidas e depois vai lhe preparar um caixão e depois a criança morre…» (p. 51).

Esta narrativa apresenta um retrato de uma sociedade angolana póscolonial que apesar da modernidade, trazida pela globalização e a colonização, ainda demonstra um certo conservadorismo, na medida em que ainda permanece com alguns valores próprios da africanidade e a pedagogia do mito é apenas um deles o que se pode verificar igualmente numa sociedade ainda mais hodierna em que apesar do grande avanço tecnológico e da massificação da educação formal ainda é possível encontrar uma transmissão dos valores que se apega em mitos.

Assim, o conto o Mito de Caruta é uma narrativa que procura demonstrar que os ideais ostracistas do colonialismo não conseguiram relegar toda a cultura do povo colonizado para o esquecimento.

Por: FERNANDO TCHAKOPOMBA 

Jornal Opais

Jornal Opais

Recomendado Para Si

Palancas Negras batem-se hoje com Mambas na preparação para o CAN

por Jornal OPaís
17 de Dezembro, 2025

Os Palancas Negras medem forças, nesta tarde, com Moçambique, em Portugal, a partir das 16:00, no quadro da preparação para...

Ler maisDetails

João Lourenço diz que desenvolvimento de Angola vai no caminho certo

por Jornal Opais
13 de Dezembro, 2025

O presidente do MPLA, João Lourenço, declarou, hoje, em Luanda, que o Executivo está a construir um país cujo desenvolvimento...

Ler maisDetails

Lançamento da 6ª edição do ANGOTIC acontece amanhã‎

por Jornal Opais
7 de Dezembro, 2025

‎O hotel de convenções de Talatona, em Luanda, vai acolher, esta segunda-feira, 8, a cerimónia de lançamento oficial da edição...

Ler maisDetails

Exposição colectiva “Esenje Li Tchosi” reforça a ancestralidade feminina

por Jornal OPaís
25 de Novembro, 2025

O movimento Ondjango Feminista realizou recentemente a 4.ª edição da exposição colectiva de artes, intitulada esenje Li Tchosi, com obras...

Ler maisDetails

Agente que socorreu mulher na via pública promovido ao posto de primeiro subchefe

20 de Dezembro, 2025

Téte António destaca avanços da parceria Rússia-África na consolidação da cooperação económica

20 de Dezembro, 2025

Fórum Parlamentar da SADC endereça condolências aos angolanos pela morte de Nandó

20 de Dezembro, 2025

Terceira fase do Programa de Responsabilidade Social do Banco Keve beneficia mais de 730 idosos

20 de Dezembro, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Ouça Rádio+

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.