O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, admitiu, nessa segunda-feira, 30, em Benguela, que a deficiência no fornecimento de água na província se deve, fundamentalmente, à degradação do sistema e está-se a trabalhar para a recuperação das capacidades. Neste momento, segundo apurou este jornal, decorrem obras de ampliação da Estação de Tratamento de Água, de modo a atingir uma produção de 2 metros cúbicos de água por segundo. Estão investidos 191,3 milhões de dólares
O governante diz ter sido informado da existência de um número considerável de áreas sem cobertura de água – tanto no litoral quanto no interior. Ministro João Baptista, que falava na Estação de Tratamento de Água, admite dificuldades de vária ordem, com destaque para as de natureza orçamental, que, em certa medida, têm condicionado o ritmo de execução de algumas obras, de maneira a corresponder às expectativas da população e das autoridades locais.
As obras de ampliação do Luhongo, em execução há seis meses, estão apenas em 19 por cento do nível de execução. Quando estiver concluído, daqui a três anos, ou seja, em 2028 – ressalta o ministro da Energia e Águas – o projecto de Reabilitação e Operação Assistida do Sistema Integrado de Abastecimento de Águas do Luhongo, pensado para a fortalecer o fornecimento de água a Benguela, Catumbela, Lobito e Baía-Farta, vai atender a mais um milhão de pessoas.
Borges considera que o projecto de reabilitação e ampliação do Estação de Tratamento de Água do Luhongo, orçado em 191.3 milhões de dólares, sob empreitada de um consórcio constituído pela ACQUA/WEDO DELOPMENTS, tendo a DAR como fiscal, visa a melhoria de abastecimento de água na província, devido ao grito de socorro de muitos cidadãos. “Tinha uma capacidade que, hoje, não está a ser explorada, porque o sistema foi, digamos, se degradando, por diversas razões.
O que queremos, hoje, é recuperar essa capacidade rapidamente, de forma as melhoras vão ser introduzidas gradualmente”, projecta o ministro da Energia e Águas. Ele realça que, com esse trabalho, se pretende, igualmente, melhorar a qualidade de água consumida, por estar ainda muito aquém. “Nós queremos dar mais água e com melhor qualidade”, reforça.
O governante está consciente de que, apesar desse ambicioso projecto, não é ainda agora que se vai resolver, de todo, resolver o problema de água, a julgar pelo crescimento populacional local.
De maneira a que, na perspectiva de se face à cobertura, se tenha projectado a terceira fase do “Projecto Águas de Benguela”, que visa duplicar a capacidade de abastecimento, de modo a atender a mais necessidade que vão surgindo, “fruto desse crescimento populacional e actividades comerciais”.
Governo dá mão à palmatória
O Governo de Angola deu mão à palmatória e diz não querer repetir os erros do passado relativos, fundamentalmente, à falta de manutenção e/ou gestão do sistema e, por conta disso, promete aproveitar da melhor maneira os 191.3 milhões de dólares, um financiamento externo.
Em declarações à imprensa, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, admitiu que, com o tempo, se deu a degradação dos sistemas, por falta de manutenção, principalmente. “Avariava uma bomba não era reposta, enfim.
Avariava um filtro não era reparado, e foi-se perdendo capacidade. Cada pessoa que nasce precisa, por dia, de quase 100 litros de água e que os gastos foram maiores”, considera.
A fórmula encontrada por João Baptista Borges é a introdução de privados no sistema de abastecimento de água, ao nota de que, neste momento, já se dispõe de um modelo – de resto, sob chancela do Banco Mundial – o qual, proximamente, vai ser remetido a concurso público, a fim de que se celebre o primeiro contrato de parcerias publico-privada, sem, no entanto, se ter referido a um horizonte temporal.
De modo geral, pretende-se que as empresas contratadas sejam obrigadas a atingir determinadas cifras de qualidade e quantidade no abastecimento.
“Estarem vinculadas a um número de consumidor que eles têm de servir, bem como, depois, metas comerciais”, frisou o titular da Energia e Águas. Porém, conforme refere, tal não significa, à partida, a privatização do sistema de água, “porque os sistemas são públicos, atenção. As empresas serão contratadas apenas para os explorar”, esclarece.
Governador acena para Lomaum No capítulo da electrificação, o governador de Benguela, Manuel Nunes Júnior, manifestou, num encontro com o ministro, no seu gabinete, que uma das principais preocupações da província reside, essencialmente, na distribuição do produto para o interior da província, sobretudo para aquelas regiões que, no passado, se beneficiavam de energia eléctrica produzida na barragem do Lomaum, com uma capacidade instalada de 50 megawatts. Referiu-se aos municípios do Cubal, onde a central está instalada, e Ganda.
“A barragem não cobre esses municípios”, lamentou Nunes Júnior a João Baptista Borges. Manifesta, por isso, o desejo da inversão do quadro – “e sejam electrificados”, ao ter acentuado a necessidade de aumentar a capacidade no aumento de produção.
Nunes Júnior salienta que os 0.8 de metros cúbicos de água por segundo de capacidade instalada não faz face à demanda da província. O governador Nunes Júnior defende a recuperação da sua capacidade, a de 1.5 por metros cúbicos de água por segundo.
Em gesto de resposta ao governador de Benguela, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, revelou que, ainda neste ano, o Cubal se vai beneficiar de energia eléctrica produzida na barragem do Lomaum.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela