A expulsão de alunos e professores do Instituto Médio Técnico de Saúde Fátima Duarte, pertencente à Rede Nossa Senhora da Anunciação, após apresentação durante uma actividade escolar, levantou uma onda de indignação e reflexão. O caso, tornado público por meio de um comunicado da própria escola e amplamente divulgado nas redes sociais, divide opiniões e lança luz sobre o embate entre cultura, religião, educação e liberdade de se expressar
“A promoção e reprodução de estilos musicais profano s , com destaque para o Kuduro, é proibida nas nossas instituições”, lê-se no comunicado. A escola baseia a decisão no regimento interno, no código de ética e no comunicado n.º 48/DJRH/2023, que regulamenta manifestações culturais nas instituições da rede.
Apesar de a decisão estar ancorada em normas internas, especialistas ouvidos questionam a proporcionalidade da medida e os efeitos psicológicos e sociais que poderá provocar nos envolvidos. Segundo relatos e vídeos divulgados, a performance aconteceu durante uma actividade cultural promovida pela própria instituição. Vestidos com trajes africanos, os alunos dançaram kuduro, um estilo musical amplamente difun dido e celebrado em Angola. Todavia, a escola entendeu que houve violação dos princípios da fé cristã católica.
Para o sociólogo Zorobabel Mateus, o ponto de partida da análise deve ser o contexto da escola, uma instituição gerida por entidades católicas, com normas próprias que refletem sua visão do mundo. “As instituições confessionais têm regulamentos orientados pelos seus princípios religiosos. Ao escolher estudar ou trabalhar ali, espera-se que os indivíduos aceitem essas normas, pois, é dessa forma que elas acreditam que vão contribuir para a mudança social” disse. No entanto, realça que não se pode aceitar que as instituições normatizem a sociedade como um todo.
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