O homem microscópico é único que constrói caminho virgulado enquanto ensaia as orações para nos ouvidos de alguém ter de pousar. Deserta-se do «eu te amo» a fim de não aluir o ambiente ou desviar a sintaxe do afeto.
Ao contrário, está o cientista do cigarro que apaga todas as vírgulas para directo ir ao ponto: «eu te morri então, mboa!» ou tal vez uma outra sintaxe «mboa, qualé ideia?» é tudo para uma mulher ter de gozar seu corpo no sol das catorze (;) Quando dissemos o que seria ouvido com levitude — «eu te amo», uma expressão que nunca feriu alguém, muda-se a semântica do verbo devido ao peso para abreviação «eu te curto».
A título de lucidez, a última vez que joguei a uma mulher mulata palavras de amor com a mesma construção sintáctica «eu te amo», saiu a correr para contar às amigas que eu sujeito estou com arma cá regada e pronto a terminar a rixa à berma da cama.
As amigas olham-me agora como um sujeito que se esconde na gramática do afecto colocando as palavras num estado de suspiro para sempre ter de oferecer desejos a filhas alheias. Desde então, meu caroleitor, nunca mais abri a boca para mais uma vez formalizar plural «EU TE AMO» e pronto a enviar para o ecrã de alguém (;) Às tantas vezes que preferimos o enunciado «eu te curto» a «eu te amo», que é muito mais pesado como a oração mais polémica da história da humanidade. «A fome é relativa».
Mas, meus caros, a semântica das palavras leva-nos para quaisquer caminhos da compreensão humana. Por exemplo, ninguém vai à rua para um favor de pronunciar «eu te amo», «eu te curto» sem algum suspiro em troca.
Quem, na rua, for pronunciar «eu te amo» se não existir já uma intenção de enfiar o pau na miúda filha alheia? Noutras vezes, esperemos que a frase venha do outro lado do muro para nós termos apenas a tarefa de retribuir: «eu também te amo» e depois disso nos calamos.
A cabeça, até, dói – nos só por termos admitido o impossível. O sentimento verdadeiro mora em nossas casas, na rua está apenas a ilusão (;) Entre mulheres e homens, nós escolhemos os verbos “curtir e morrer” para expressarmos todos sentimentos do mundo. Quando amamos, não amamos, curtimos ou morremos.
Gostamos do verbo curtir porque nos sabe dar adrenalina que precisamos. «Dama, eu te morri bué» e a miúda recebe o verbo morrer como o sinónimo de amar. Mas as palavras em estado de suspiro existem para isso, dar peso às palavras e outras deixá-las leves.
Deveríamos todos nós encontrar a justiça nisso (;) Custa-nos e muito dizer verbos — pesam – nos mais que o barulho dos bichos na pança. Pesam mais que o sono do destino.
Que o sol que apaga o brilho da mulher ali sentada. Usamos quaisquer verbos para admitirmos algum sentimento, menos o verbo «amar».
Quem vai principiar a frase «eu te amo» se não for a mulher e homem fica apenas com os olhos atentos ao ecrã do aparelho para ter de retribuir «eu também te amo»? A questão do afecto preciso, com muita urgência, ser resolvida.
Assim, toda criança poderia tirar a coragem para também dizer «pai, eu te amo», «colega, eu te amo» sem uma má compreensão nisso.
Nosso tabu é tão gordo que nos leva a desligar – se de muitas coisas. Amamos trocar a sintaxe dos verbos porque uns são mais pesados e outros leves, por isso a preferência continua: EU TE CURTO.
Por: AC VAYENDA