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O papel do Serviço de Inteligência Externa na protecção das comunidades angolanas na diáspora

Jornal OPaís por Jornal OPaís
4 de Julho, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 5 mins de leitura
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O papel do Serviço de Inteligência Externa na protecção das comunidades angolanas na diáspora

Num contexto internacional marcado pela crescente volatilidade geopolítica, fragmentação de alianças e transformação digital acelerada, a segurança deixou de ser um conceito limitado ao território físico.

A soberania hoje projeta-se para além das fronteiras, onde vivem e actuam cidadãos nacionais que, mesmo estando fora do solo pátrio, continuam a representar os interesses do Estado.

Nesse quadro, o papel do Serviço de Inteligência Externa (SIE) na protecção das comunidades angolanas na diáspora adquire uma importância estratégica de primeira ordem.

Com uma presença estimada em mais de 90 países, a diáspora angolana constitui uma força real nas dimensões económicas, sociais e diplomáticas do país. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, cerca de 600 mil angolanos vivem permanentemente fora do país, com concentrações relevantes em Portugal, Brasil, África do Sul, França, Namíbia, Congo, Cuba e Reino unido e Rússia (estudantes) Estes cidadãos têm contribuído com remessas que em 2023 superaram os 100 milhões de dólares além de influenciarem o comércio bilateral, a imagem do país e a cooperação académica e técnica.

Para além da dimensão económica, a diáspora tem servido como uma plataforma de diplomacia informal: muitos angolanos ocupam cargos relevantes em organismos internacionais, universidades, empresas tecnológicas e centros culturais, reforçando a presença simbólica de Angola no mundo. No entanto, essa mesma exposição torna-os vulneráveis a riscos específicos.

A complexidade do século XXI trouxe consigo novas ameaças às comunidades migrantes, que vão desde o racismo institucional até à infiltração de redes criminosas e ideológicas.

Em 2022, por exemplo, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou que cidadãos africanos no exterior estavam cada vez mais sujeitos a campanhas de ódio, repressão política, abusos laborais e recrutamento forçado por redes extremistas.

O caso de cidadãos angolanos detidos arbitrariamente em países como Países Baixos, ou os episódios de violência policial em cidades europeias, revelam uma vulnerabilidade persistente.

Estudantes angolanos em zonas de instabilidade geopolítica, como a Ucrânia ou a Faixa do Sahel, enfrentam desafios existenciais que exigem resposta integrada do Estado.

Essa resposta não pode ser apenas consular; precisa incluir mecanismos de inteligência antecipatória, capazes de mapear os riscos, prevenir incidentes e proteger vidas.

O SIE, como órgão de Estado responsável pela recolha, análise e produção de informações estratégicas no exterior, está constitucionalmente mandatado para proteger os interesses nacionais onde quer que estejam.

Este mandato inclui também a defesa dos cidadãos angolanos no estrangeiro, sempre que a sua segurança física, psicológica ou jurídica esteja ameaçada por factores externos.

Essa missão implica identificar ameaças antes que se materializem, monitorar movimentos hostis contra comunidades angolanas, apoiar operações consulares em crises, e cooperar com serviços congéneres para neutralizar riscos transnacionais.

Em muitos países, como França, EUA e Israel, os serviços de inteligência externa desempenham um papel directo na protecção de cidadãos expatriados. A CIA norte-americana, por exemplo, em situações críticas, pode intervir para extrair cidadãos americanos de zonas de conflito.

O Mossad israelita é reconhecido por acções de resgate de judeus em perigo em diversos pontos do globo. Angola pode e deve estruturar protocolos que lhe permitam responder de forma semelhante, sempre com base no direito internacional e no respeito pelas soberanias dos Estados parceiros. Um dos campos menos explorados mas mais perigosos na actualidade é o da desinformação dirigida a comunidades no exterior.

Em períodos eleitorais, crises políticas ou campanhas contra governos africanos, as redes sociais tornam-se terrenos férteis para manipulações. Jovens angolanos na diáspora, especialmente estudantes e utilizadores de plataformas digitais, são alvos fáceis para campanhas que exploram frustrações económicas ou ideológicas.

O SIE deve, por isso, reforçar a sua capacidade em Open Source Intelligence (OSINT), mapeando tendências, identificando fontes maliciosas de desinformação e protegendo a integridade mental e cívica dos cidadãos.

Ao lado disso, pode actuar também na protecção de dados sensíveis, como bases de dados de estudantes, académicos e quadros estratégicos da diáspora. Nenhuma acção de inteligência é eficaz sem uma estrutura de articulação institucional eficiente.

O SIE deve colaborar de forma integrada com as embaixadas, consulados, adidos de defesa, associações comunitárias e estruturas estudantis para produzir inteligência contextualizada e operacional.

Além disso, o Estado angolano pode investir em programas de formação cívica e de segurança para os cidadãos da diáspora, ensinando como identificar ameaças, denunciar abusos e preservar a própria integridade em contextos hostis.

Modelos como os “pontos focais de segurança comunitária” podem ser estabelecidos em grandes cidades com comunidades angolanas. Esses pontos funcionariam como canais seguros de informação para os serviços centrais do Estado, permitindo uma inteligência mais participativa, proactiva e menos invasiva.

A diáspora não é apenas um corpo disperso de cidadãos. É uma extensão da identidade nacional, da cultura política e da soberania do Estado. Quando um cidadão angolano é ameaçado, discriminado ou morto no estrangeiro, isso repercute-se directamente na imagem e na autoridade do Estado angolano.

Por isso, proteger a diáspora é proteger Angola. A actuação do SIE deve, assim, transcender a clássica lógica de defesa do Estado para incluir a defesa das pessoas, dentro e fora do território.

Num mundo em que a influência se mede tanto pelo poder militar quanto pela capacidade de proteger os seus cidadãos, a inteligência externa torna-se não apenas um escudo invisível, mas um instrumento de projecção de soberania ética, inteligente e preventiva. A verdadeira soberania não se limita ao território. Ela estende-se a cada cidadão, onde quer que ele esteja.

Por: SEBASTIÃO MATEUS

*Especialista em Relações Internacionais

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