Antes de começar a nossa partilha de hoje, gostaria de primeiramente deixar um abraço apertado a todas as mães pelo Dia da Mãe que se comemorou no último domingo.
Agora sim, podemos começar a nossa partilha de hoje. Vamos? Já reparou como o medo anda connosco desde sempre?
Começa ainda na infância — o medo do escuro, dos trovões, dos monstros que só nós víamos debaixo da cama. Com o tempo, trocamos esses medos por outros: medo de falhar, de não sermos aceites, de sermos rejeitados, de decepcionar quem amamos.
E então crescemos, e ele continua lá. Disfarçado de preocupação, de prudência, de auto-preservação. Mas sempre presente. Como bem disse Nelson Mandela, “Aprendi que coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele.
O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas o que o conquista.” A verdade é que o medo faz parte da experiência humana.
Está aí para nos proteger, sim. Mas também para nos ensinar. O problema começa quando deixamos de escutar a mensagem do medo e começamos a obedecêlo cegamente. Quando nos escondemos atrás dele e deixamos de viver.
Conheci certa vez uma profissional incrível, cheia de talento e ideias, mas que recusava sempre oportunidades de liderança. O motivo? Medo de não estar à altura.
E esse medo vinha de onde? De uma única frase dita por um professor, ainda no ensino básico: “Tu não és boa o suficiente para liderar um grupo.” Reparou? Uma única frase plantada na infância, a governar escolhas décadas depois.
A psicologia chama isso de memórias emocionais inconscientes — registamos experiências que nos marcaram negativamente, e o nosso cérebro activa o alarme sempre que detecta algo que “parece perigoso”, ainda que já não o seja.
Susan Jeffers, autora do livro “Feel the Fear and Do It Anyway”, resume bem esta ideia: “Todos sentem medo quando enfrentam o desconhecido.
A diferença entre as pessoas que avançam e as que ficam paradas é que umas agem apesar do medo.” E talvez esteja aí a grande chave: agir apesar do medo.
Não se trata de fingir que ele não existe. Mas de olhá-lo de frente e perguntar: O que é que realmente está a acontecer aqui?
De onde vem este medo?
O que é que ele quer proteger?
O que é que esta situação me está a pedir?
É um processo. E como todo processo, começa com consciência. Tenho partilhado isso em várias formações: analisar o medo como um sistema.
Qual é o gatilho (entrada)?
Que tipo de interpretação estou a fazer (processamento)?
Qual é a reacção emocional e comportamental (saída)? O medo de falar em público, por exemplo, muitas vezes não é sobre o público — mas sobre o medo de parecer ridículo, de não ser aceite. O medo de mudar de carreira pode esconder o medo de desapontar os pais.
O medo de amar de novo, pode ser medo de sofrer como da última vez. Carl Jung, um dos pais da psicologia moderna, afirmou: “Aquilo a que resistimos, persiste.
Aquilo que aceitamos, transforma-se.” E é exactamente isso que o medo nos convida a fazer: aceitá-lo como parte da jornada, mas não como condutor do caminho.
Por isso, hoje deixo-lhe este convite: Pegue num medo que tem evitado enfrentar — pode ser grande ou pequeno. Escreva sobre ele.
Entenda-o. Dialogue com ele. Depois, dê um pequeno passo. Só um. Mesmo com o medo presente. Porque coragem é isso: seguir em frente, mesmo quando a voz do medo ainda sussurra. Lembre-se: “Você ganha força, coragem e confiança a cada experiência em que realmente pára para enfrentar o medo.”
— Eleanor Roosevelt Que Deus abençoe a sua jornada e lhe conceda coragem para caminhar com medo e, ainda assim, seguir.
Receba o carinhoso e apertado abraço, bem como a promessa de voltar para mais partilhas matinais.
N’gassakidila.
Por: LÍDIO CÂNDIDO “VALDY”