A música, considerada uma manifestação cultural de um povo, traz consigo referência sociocultural, política e pessoal de uma determinada época relativamente ao modo de vida de uma sociedade.
Os Séketxe, grupo musical composto por seis elementos, cujo estilo musical cantado é o resultado do hibridismo entre o Kuduro e o Rap, denominado por ele de Rapcia, usam a música para emitir uma opinião sobre um assunto de interesse público.
Por trás de todo aquele barulho e grito, há a representação do modo de vida das pessoas do guetto, cujo teor retrata a deliquência, a criminalidade, a prostituição, a falta de oportunidade para ascensão social, a exclusão social e o preconceito geral, bem como as mortes resultados das brigas entre gang’s, a busca pela saída da criminalidade e a luta pela saída do mundo das drogas.
Fazem uma fotografia do modelo de governação vigente em Angola, destacando, o nepotismo/ amiguismo, a opressão, o neocolonialismo, a corrupção, o abuso de poder, a pouca/falta de liberdade de expressão e opinião, a miséria extrema, a forma desinformativa conforme a mídia (televisão, rádio e jornal) trata da imagem de Angola e do seu executivo.
Diante de toda dificuldade da vida e do estresse do dia-a-dia, a música, além de ter a função informativa e lúdica, tem também a função catártica, os Séketxe abordam a superação no mundo da deliquência, da prostituição e da criminalidade.
Contrariando a máxima da vida precária, os momentos difíceis e a falta de oportunidade não constituem grandes obstáculos para quem tem foco/ meta: “O pior a gente já passou”; há MOTIVAÇÃO no fundo daquele barulho que permite vencer toda as vicissitudes da vida, como a perda de um ante querido, frustração em não conseguir uma vaga de emprego ou para formação.
Por fim, os resultados das nossas escolhas podem determinar o porvir, os Séketxe trazem à tona uma reflexão relativamente à tomada de decisão, erguendo a cabeça e seguir enfrente.
Os Séketxe exaltam alguns valores no que concerne à lealdade, ao respeito aos superiores, à humildade e à irmandade, apesar de alguns estarem se perdendo, bem como desaconselham caminhar no mediatismo e na ganância, portanto tudo que se deseja ter, deve ser o resultado do trabalho e da persistência e, claramente, do reconhecimento de Deus.
*Estudante de Letras
Por: ESTEFÂNIO JOSÉ CASSULE