Os tempos deveriam ser outros, mas, à medida que avançamos, há acontecimentos do passado que nos levam a pensar na bússola necessária para que possamos construir ainda um país melhor.
Pode ser um desejo difícil, mas é o único caminho que temos para um país, Angola, que é o único poiso mais seguro para quem um dia aqui nasceu ou até descendeu de um dos seus cidadãos. Terá sido em finais dos anos 90 ou princípio de 2000 que o então governador de Malanje, Flávio Fernandes, avançara que o cabrito comia onde estava amarrado.
Desde então, devido à propensão do governante para os negócios, sendo apontado por muitos como tendo sido proprietário de vários bens nas terras da Palanca Negra, nasceu a famosa tese do cabritismo.
Odiado por muitos, mas seguido por outros, o cabritismo fez com que muitos cidadãos, independentemente das posições que ocupavam nas instituições do Estado e até mesmo no privado, passassem a fazer negócios consigo mesmos e a adoptarem uma postura devoradora de apropriação indevida de tudo quanto lhes surgisse à luz do dia ou na calada da noite. O funcionário de base não se coibia em levar materiais de escritório.
Os enfermeiros, até aos dias que correm, aliviam os depósitos e se apropriam dos bens públicos. E num escalão mais alto, os funcionários seniores, entre os quais até governantes, durante largos anos, negociavam com eles mesmos, sendo que no período da manhã actuam como entes públicos e depois do sol raiar como privados.
Os anos passam e, depois de adoptado o discurso de combate à corrupção, o que se esperava é que muitos pudessem frear os seus apetites. Ou ainda, caso não consigam viver mais sem as práticas corruptas, que no mínimo sofisticassem a forma de actuação para que nunca fossem apanhados em ‘flagrante delícia’.
As informações sobre os dois funcionários do aeroporto detidos por furto de oito mil euros da pasta de um passageiro, os mínimos razoáveis da ladroagem e o apetite desenfreado que muitos indivíduos vão apresentando nos últimos tempos. Ao que tudo indica, quase ninguém está a salvo dos predadores.
Há quem se queixe das empregadas domésticas, os empreendedores dos funcionários em qualquer ramo, assim como de outras instituições e profissionais que, apesar do aumento do controlo, nem por isso conseguem travar o furto e roubo que vão crescendo de forma vertiginosa um pouco por todo o país. Infelizmente, muitos dos roubos e furtos que vamos assistindo não estão ligados a indivíduos que precisam somente do mínimo para sobreviver.
Ao que tudo indica, o país vai sendo dominado por uma cultura ao que é alheio, o que se vai traduzindo já num enorme problema que a sociedade tem que encontrar uma solução. É tempo de agir.